Por Carlos Villela
(Folhapress) — O anúncio da inauguração de um santuário religioso com uma estátua de Lúcifer de cinco metros de altura em Gravataí (RS), supostamente marcada para a noite desta terça-feira (13), se tornou motivo de disputa. A procuradoria-geral do município ingressou com ação para impedir a abertura do templo.
“Há centenas de manifestações perigosas envolvendo essa situação, vindas de todos os lados. A prefeitura quer evitar qualquer ato de violência diante da possibilidade deste evento, que só tem provocado transtornos ao município”, disse a assessoria em nota.
Segundo divulgado nas redes sociais, a estátua de cimento tem traços humanos e de animais, próxima à representação mitológica de Lúcifer em religiões cristãs.
Localizado em um sítio de cinco hectares na zona rural de Gravataí, cidade de 280 mil habitantes na região metropolitana de Porto Alegre, o monumento fica em uma espaço pertencente ao movimento religioso Nova Ordem de Lúcifer na Terra. A localização não foi divulgada.
Estátua: “Não é terreno privado”
Na última sexta-feira (9), antes de solicitar a ação da procuradoria municipal, o prefeito Luiz Zaffalon (PSDB) comentou o caso nas redes sociais e respondeu a alegações de envolvimento municipal na obra. “Não é terreno da prefeitura, é privado”, disse.
Zaffalon disse que havia uma confusão com um projeto de lei aprovado na Câmara de Vereadores que cedia um espaço no distrito industrial da cidade para instalação de uma estátua de Exu Bará, entidade ligada a religiões de matriz africana, feita sem verba pública.
“As pessoas dentro dos seus terrenos fazem homenagem a quem eles quiserem, está cheio de sítios e casas que têm capelas, que tem homenagem a santos”, disse o prefeito, que se definiu como cristão e humanista. “Se fosse uma área pública eu teria vetado, porque sou contra isso.”
Nas redes sociais do grupo religioso, a estátua é apresentada como “a maior imagem de Lúcifer do mundo”.
A primeira publicação da Nova Ordem de Lúcifer na Terra foi em fevereiro, anunciando a fundação de “um culto voltado somente aos Verdadeiros Deuses (ou Demônios, como são chamados)” por integrantes de um grupo de quimbanda independente chamado Corrente 72.
Um dos líderes é Tata Hélio de Astaroth, escritor do livro “Corrente 72: Quimbanda Vermelha”, apresentado pela editora como “ousado e provocador sobre magia negra e culto aos mortos”.
O outro fundador é Mestre Lukas de Bará na Rua, que se intitula “o rei da amarração amorosa” em seu site, onde oferece trabalhos espirituais. Procurados pela reportagem, eles ainda não se manifestaram.
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