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Por Italo Nogueira

(Folhapress) — O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Rodrigo Bacellar (União), chamou nesta quinta-feira (10) Eduardo Paes (PSD) de “vagabundo”, “dissimulado”, “cínico” e “menina virgem no cabaré” ao reagir a uma entrevista em que o prefeito compara deputados estaduais a um grupo mafioso.

Num discurso de oito minutos na abertura da sessão da Alerj, Bacellar antecipou a possível disputa entre os dois ao governo estadual. Ambos negam intenção de disputar o cargo, mas são apontados pelo meio político fluminense como potenciais adversários pelo Palácio Guanabara.

“É muito grave um prefeito que pensa em ser governador, um vagabundo chamado Eduardo Paes, vir falar que o parlamento faz extorsão”, disse Bacellar.

Em entrevista ao jornal O Globo, o prefeito afirmou que o governador Cláudio Castro (PL) é alvo de “ameaças, extorsões” do comando da Assembleia, gerando, nas palavras de Paes, “essa relação dele de tanto temor”.

“Tem uma turma que comanda a Assembleia, e o presidente por óbvio é um deles. Me parece uma relação muito esquisita. Há um temor, não é uma relação de aliança política”, disse o prefeito.

Rodrigo Bacellar ao lado do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (Foto: Reprodução/Redes sociais)

Influência do presidente da Alerj

Bacellar é apontado como a voz mais influente sobre Castro — para alguns, com um poder de decisão maior do que o próprio governador. A ele é atribuída a queda e nomeação de secretários, bem como a crise entre o chefe do Executivo e seu vice, Thiago Pampolha (MDB).

O presidente da Alerj diz não ser o responsável por todas as nomeações que lhe são atribuídas. Afirma ser apenas um dos integrantes do núcleo duro do governador, formado também por Rodrigo Abel (chefe de gabinete) e Nicola Miccione (Casa Civil). Reconhece, contudo, sua força nas discussões.

“Por ter mandato, dá até mais conforto na minha palavra, tem mais peso. Apesar de ter esse estilo, falo para o bem dele. Cláudio é o irmão pacato e eu, o que entra na frente e dá porrada para ele. Então, acaba dando essa fama de achar que mando por conta disso”, disse ele à Folha em abril.

Nesta quinta, Bacellar afirmou que atua de forma independente na condução da Alerj.

“Aqui ninguém faz extorsão, muito menos ameaça. Ocorre que o parlamento, na minha presidência, não é puxadinho de prefeitura igual é a Câmara Municipal de Vereadores do Rio de Janeiro”, disse ele.

Na entrevista ao jornal O Globo, Paes também negou a pecha de que seja um político que não cumpre acordos, fazendo novos ataques indiretos a Bacellar.

“O que eu não cumpro é a sacanagem. O que essa gente quer, em geral, é outra coisa, que eu não faço. Adoram dizer que não sou confiável. Não consigo ter essas relações de ‘homem de palavra’, ‘fio do bigode’. Acho coisas meio de Cosa Nostra, se é que me entendem”, afirmou o prefeito.

Bacellar, em resposta, lembrou momentos em que os dois se sentaram para alinhar alianças no estado.

“Vossa Excelência me pediu um café, coisa que eu nunca pedi ao senhor. Entrou no Palácio Tiradentes e foi ajoelhar no chão para me cumprimentar. Eu falei, levanta, que eu não gosto desse tipo de graça, dessa palhaçada. Dois homens, numa relação, não precisa tratar assim. Senta aqui e vamos conversar”, disse Bacellar.

“Com esse papinho, deputado de Deodalto… Cosa Nostra. Ele gosta de falar italiano. Com papinho de Cosa Nostra. Cosa Nostra, prefeito Eduardo, foi o que eu fiz atrás do Fashion Mall. Lá na padaria, embaixo do apartamento do amor da sua vida, [deputado] Pedro Paulo. E que culminou lá no teu estúdio de gravação na última campanha de governador. Você recorda, Cosa Nostra? Você recorda bem, não recorda? Mas se quiser abrir para a população, estou pronto. A hora que o senhor quiser. Comigo, o buraco é mais embaixo”, disse ele.

Após o discurso de Bacellar, o prefeito voltou a sugerir que Castro os enfrente.

“É isso mesmo: essa gente lá e eu cá! A ‘Cosa Nostra’ vai se agitar! Eles sabem a que me refiro! Enfrente-os governador! O Rio agradece!”, escreveu no X.

 

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