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Estudo identifica principal fator de câncer de cólon entre jovens

Fatores de estilo de vida e dieta são alguns fatores que influenciam o risco de câncer colorretal
07/04/2025 | 15h14
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Fatores como alimentação e sedentarismo estão são alguns dos responsáveis pelo aumento no número de jovens com câncer de cólon. Em um estudo relacionado a isso, a Cleveland Clinic identificou que moléculas derivadas da dieta — os metabólitos –, em especial as associadas à carne vermelha e processada, como o principal fator de risco de desenvolver câncer colorretal de início jovem.

O texto foi publicado na revista npj Precision Oncology, e analisou conjuntos de dados de metabólitos e microbiomas, onde chegou-se a conclusão que a melhor forma de um adulto, com menos de 60 anos, prevenir o câncer de cólon é definindo uma dieta com um médico.

“No final das contas, é impraticável aplicar nossos modelos de atendimento para pessoas com mais de 60 anos a adultos mais jovens, simplesmente porque não podemos oferecer colonoscopias anuais a todos os membros do sistema”, explica o autor sênior e oncologista gastrointestinal Suneel Kamath.

“O que é muito mais viável é fornecer a todos os participantes do sistema um teste simples para medir um biomarcador que determine o risco de câncer colorretal. Assim, poderemos fornecer aos indivíduos em maior risco um exame adequado”, conclui.

Foto: Freepik

O estudo

O estudo usou como base para a análise, dados de pacientes diagnosticados com câncer colorretal, na Cleveland Clinic, de início jovem e início médio. Um estudo prévio produzido pela clínica, já havia identificado diferenças entre os metabólitos do câncer de cólon de início jovem e dos médios, enquanto um segundo estudo achou discrepâncias no microbioma intestinal entre pacientes mais jovens com câncer colorretal, e mais velhos.

Apesar dessa pesquisa ter oferecido diversos caminhos para o estudo do câncer de início jovem, a grande quantidade de fatores envolvidos no risco de câncer, mais complexo é compreender o problema e traçar linhas de estudo.

Em busca de solucionar essas questões, o grupo de estudo usaram uma inteligência artificial, com um algoritmo desenvolvido por eles, que combinou e analisou os conjuntos de dados dos estudos existentes, por fim, esclarecendo quais fatores são mais relevantes para estudar futuramente. O resultado que a AI entregou foi que as diferenças na dieta tiveram grande impacto na proporção das diferenças entre os pacientes de início jovem e os de início em idades mais avançadas.

“Os pesquisadores — inclusive nós mesmos — começaram a se concentrar no microbioma intestinal como o principal contribuinte para o risco de câncer de cólon. Mas nossos dados mostram claramente que o principal fator é a dieta”, diz Naseer Sangwan, diretor do Microbial Sequencing & Analytics Resource Core co-liderou o trabalho. “Já conhecemos os principais metabolitos associados ao risco de início precoce, por isso podemos agora avançar a nossa investigação na direção correta”.

Segundo os pesquisadores, a descoberta foi empolgante, pois é mais fácil identificar pacientes em risco contando os metabolitos no sangue do que sequenciar o DNA bacteriano nas fezes para detectar diferentes micróbios.

“Na verdade, pode ser muito complicado e difícil alterar o seu microbioma”, explica Sangwan. “Embora nem sempre seja fácil, é muito mais simples mudar sua dieta para prevenir o câncer de cólon”.

Prevenção do câncer de cólon

Um nível maior de metabólitos foi achado nos pacientes jovens com câncer colorretal. Esses metabólitos estão associados à produção e metabolismo de um aminoácido chamado arginina e ao ciclo da ureia em comparação com seus pares mais velhos. Os pesquisadores acreditam que essa diferença pode ser devido ao consumo a longo prazo de carne vermelha e carne processada.

Os cientistas ainda estão estudando dados nacionais para validar suas descobertas, mas já pensam no próximo passo da pesquisa. A etapa seguinte seria testar alimentos e medicamentos do mercado, que regulam a produção de arginina e o ciclo da ureia, afim de identificar se eles podem ajudar a prevenir ou tratar o câncer de cólon.

Ainda é necessário mais pesquisa para entender como os fatores dietéticos causam o câncer, contudo, o que foi descoberto já é o suficiente para mudar a forma como se atende os pacientes.

“Embora eu soubesse antes deste estudo que a dieta é um fator importante no risco de câncer de cólon, nem sempre discuti isso com meus pacientes durante a primeira consulta. Há tanta coisa acontecendo que já pode ser tão esmagador”, diz o autor sênior e oncologista gastrointestinal Suneel Kamath. “Agora, sempre me certifico de trazer isso à tona com meus pacientes e a quaisquer amigos ou familiares saudáveis ​​com quem eles possam vir, para tentar equipá-los com as ferramentas de que precisam para fazer escolhas informadas sobre seu estilo de vida”.

 

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