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Por AFP

O líder opositor e jornalista Roland Carreño, que esteve preso na Venezuela entre 2020 e 2023 por acusações de “terrorismo”, foi detido nesta sexta-feira (2) em Caracas, denunciou o partido político ao qual o dirigente pertence.
“Denunciamos perante o país e a comunidade internacional a prisão arbitrária” de Carreño,

publicou na rede social X o partido Vontade Popular (VP), ao qual pertencem os líderes opositores exilados Leopoldo López e Juan Guaidó.

“Até agora, desconhecemos o seu paradeiro”, acrescentou o VP. A prisão ocorre em meio à tensão pelas denúncias de fraude da oposição envolvendo a reeleição do presidente Nicolás Maduro e pelos protestos que já deixaram pelo menos 11 mortos, segundo organizações de direitos humanos, e mais de mil detidos.

A autoridade eleitoral venezuelana confirmou nesta sexta, em um segundo boletim, a vitória de Maduro com 52% dos votos, contra 43% do opositor Edmundo González Urrutia, representante da líder opositora inabilitada María Corina Machado.

Maduro acusa María Corina e González Urrutia de promoverem atos de violência em uma tentativa de “golpe de Estado”.

Coordenador operacional nacional do VP, Carreño ficou preso de outubro de 2020 a outubro de 2023 por conspiração, tráfico ilícito e terrorismo, acusações que a defesa sempre negou, classificando o caso como “armação”.

O Ministério Público o descreveu como “operador financeiro” de “planos conspiratórios e terroristas” contra o governo Maduro.

“A detenção arbitrária de Roland se soma à perseguição e ao assédio” contra “líderes nacionais e regionais de nosso partido e de outras forças democráticas do país”, enfatizou o VP. “Exigimos que sejam libertados imediatamente”, destacou.

Freddy Superlano, outro importante líder deste partido, foi preso na última terça-feira. O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, afirmou na quinta-feira que Superlano estava “colaborando” com as investigações do complô denunciado pelo chavismo.

O caso de Roland Carreño foi questionado anteriormente por uma missão de especialistas da ONU, que denunciou crimes contra a humanidade na Venezuela durante a repressão aos protestos.

Carreño havia sido liberto durante as negociações entre Venezuela e Estados Unidos antes das eleições de domingo.

Sob contestação, vitória é ratificada

A autoridade eleitoral da Venezuela confirmou nesta sexta-feira (02) a vitória do presidente Nicolás Maduro nas eleições de 28 de julho, que a oposição denunciou como uma fraude, na véspera de novas manifestações do chavismo e de seus adversários.

Após a ratificação, Maduro denunciou o que chamou de “golpe de Estado” apoiado pelos Estados Unidos, após o respaldo do chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, ao candidato opositor Edmundo González Uruttia, que afirma ter vencido as eleições.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a Maduro 6,4 milhões de votos (52%), contra 5,3 milhões de González (43%), representante da líder opositora Maria Corina Machado, que foi inabilitada.

O resultado sela o triunfo anunciado no domingo para um terceiro mandato de seis anos para o presidente esquerdista, embora, seguindo a linha de Washington, outros países como Argentina, Uruguai, Equador, Costa Rica, Peru e Panamá não o reconheçam.

“Os chamados e gritos de fraude por parte desse setor da direita, radical, criminosa e violenta da Venezuela foram múltiplos”, disse Maduro em uma coletiva de imprensa com correspondentes estrangeiros. “Eles não querem reconhecer os mecanismos nacionais e soberanos da Venezuela, apenas querem manter o show da farsa”.

A oposição afirma ter provas de fraude, com um site contendo cópias de 84% das atas de votação em seu poder. O chavismo afirma que os documentos são forjados.

Maduro criticou Blinken: “Ele se desespera, em um gesto incomum na diplomacia americana, e sai dizendo que eles têm os resultados. O que tem é a armadilha que tentaram impor.”

O candidato derrotado Edmundo González e Maria Corina Machado, líder oposicionista

Passeatas em Caracas

Maduro, no poder desde 2013, convocou para este sábado (3) o que chamou de “a mãe de todas as marchas”, para celebrar os resultados. A oposição também convocou manifestações em todo o país, embora haja temor entre seus partidários depois que os protestos, que começaram na segunda-feira, resultaram em 11 mortes, segundo organizações de direitos humanos, e mais de 1.000 detidos.

“Precisamos continuar avançando para fazer valer a verdade. Temos as provas e o mundo já as reconhece”, afirmou Machado na rede X, dizendo ter passado para a clandestinidade por temer por sua vida.

Não está claro se González está em um local seguro como Machado. Sua última aparição pública foi junto com a dirigente na terça-feira, em uma concentração em Caracas que reuniu milhares de pessoas.

Maduro denunciou que “criminosos”, que vincula à oposição, planejam “um atentado” para este sábado nas proximidades do bairro de Caracas onde Machado convocou uma manifestação, e ordenou que as forças de segurança protejam “as áreas que estão sob ameaça”.

‘Transparência’

Maduro e outros candidatos à Presidência compareceram nesta sexta-feira à sede do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que os convocou após o presidente apresentar um recurso legal para pedir que a corte “certifique” a sua reeleição.

Nesse ato, vários candidatos pediram a publicação detalhada dos resultados, que o CNE ainda não divulgou alegando que seu sistema foi hackeado na noite da votação.

González, que tinha uma cadeira reservada à direita de Maduro, não compareceu. “Existem razões jurídicas conclusivas sobre a necessidade de salvaguardar as competências constitucionais do CNE”, explicou o opositor. “É dever do CNE garantir a transparência (…) sem omissão da sua parte e, eventualmente, uma usurpação de funções por outro órgão do Estado”, publicou nas redes sociais.

A oposição rejeita a competência do TSJ para validar os resultados. Na última quarta-feira, Maduro disse que tanto seu adversário quanto Machado deveriam estar “atrás das grades”.

O partido Vente Venezuela, de Machado, denunciou também nesta sexta que sua sede em Caracas foi vandalizada na noite anterior por seis homens armados não identificados.

“Continuamos firmes e vamos às ruas”, disse a dirigente Delsa Solórzano em coletiva de imprensa. “Maria Corina está bem, já a viram convocando a atividade de amanhã (sábado), ela estará conosco”.

 

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