Por Brasil de Fato
Professoras e professores das universidades públicas vão se reunir nas próximas semanas para definir as articulações dentro de cada instituição a respeito da greve anunciada para começar no próximo dia 15 de abril. Este foi um dos encaminhamentos definidos pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes–SN), que organiza a mobilização.
Em entrevista nesta terça-feira (26) ao Central do Brasil, programa do Brasil de Fato em parceria com a Rede TVT, o presidente do Andes–SN, Gustavo Seferian, destacou que a decisão pela greve saiu de uma assembleia realizada na última semana que contou com 37 seções sindicais de diferentes partes do país, e que antes disso já tinha havido debates dentro de cada unidade. Essas discussões locais vão continuar.
“Em cada um desses locais de trabalho, certamente, serão construídos comandos locais de greve, que vão poder não só articular com as administrações universitárias as questões de calendário; a lida com serviços essenciais e indispensáveis, inclusive para a vida dos trabalhadores e trabalhadoras; técnico administrativos, terceirizados e terceirizadas; mas também da estudantada nas universidades de modo geral”, afirmou.
Professores pedem “recomposição integral”
Seferian, professor de direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), disse que os professores acompanham de perto os desdobramentos da greve dos servidores técnico-administrativos das universidades, que está em andamento desde o último dia 11.
“Isso é sempre organizado para que a greve traga um impacto que venha a ser modulado, sobretudo a essas pessoas que têm uma necessidade indispensável para continuidade de suas existências. Mas, claro, a não realização das aulas é uma das finalidades, com vistas à pressão social importante que o professorado pode impor”, continuou.
Os professores alegam, ainda, que o governo não apresentou propostas para atender às demandas de reestruturação na carreira, além de ter deixado sem resposta um pedido de abertura de mesa de negociações para tratar de reivindicações sem impacto orçamentário para a carreira docente.
A categoria pede, por exemplo, reajuste de 7,06% em 2024; mais 7,06% em 2025 e uma terceira correção de 7,06% em 2026. A proposta do governo, por outro lado, é de reajuste zero em 2024; com 4,5% em 2025 e novos 4,5% em 2026.
“Não temos desde o golpe [de 2016] qualquer espécie de recomposição em efetivo da nossa remuneração. Os valores, inclusive, que neste momento são colocados à negociação com o governo federal, marcam pura e tão somente aqueles que foram corroídos desde o desgoverno de Jair Bolsonaro. Não temos nem mesmo indicativo de uma recomposição integral das perdas inflacionárias que a categoria sofreu no último período”, afirmou Seferian.
O Brasil de Fato entrou em contato com a assessoria de imprensa do MEC para posicionamento sobre o movimento dos professores, mas não recebeu retorno. Caso haja resposta, este texto será alterado.
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