Por Vítor d’Avila — Tempo Real
Um protesto no centro do Rio, na manhã desta quarta-feira (30), pediu justiça pela vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista, Anderson Gomes, assassinados em 2018. O ato aconteceu momentos antes de iniciar o julgamento dos réus acusados pela execução do crime, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz.
A manifestação foi organizada pelo Instituto Marielle Franco, fundado pela família da vereadora. O ato, pacífico, partiu da sede do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) e seguiu pela avenida Erasmo Braga.
Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz vão a júri popular no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. Marinete Silva, mãe de Marielle e fundadora do instituto, contabiliza que são 78 meses e mais de 2 mil dias desde o crime e pede que, após tanto tempo, os responsáveis sejam condenados.
“A justiça, enfim, vai começar a ser feita. Esse é um momento decisivo para todo mundo que luta por justiça e para quem acredita que o Brasil precisa ser um país sério que não permite que uma mulher negra seja assassinada com sete tiros na cabeça voltando do trabalho”, afirma.
Justiça: pena máxima
O Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado para o Caso Marielle Franco e Anderson Gomes, do Ministério Público do Rio (MPRJ), vai requerer ao Conselho de Sentença do IV Tribunal do Júri a condenação máxima para os réus pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A pena de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz pode chegar a 84 anos de prisão.
Os dois foram denunciados pelo Gaeco por duplo homicídio triplamente qualificados, um homicídio tentado, e pela receptação do Cobalt utilizado no dia do crime, ocorrido em 14 de março de 2018. Ronnie e Elcio foram presos na operação Lume, deflagrada pelo MPRJ e pela Polícia Civil, em março de 2019. Para o Tribunal do Júri, foram selecionadas 21 pessoas comuns. Deste grupo, sete serão sorteadas na hora para compor, de fato, o júri.
Suspeitos de serem os mandantes
Em março deste ano, os irmãos Domingos Brazão, então conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), e Chiquinho Brazão, deputado federal pelo União Brasil, além do delegado Rivaldo Barbosa, foram presos como mandantes do atentado que vitimou Marielle Franco e seu motorista. Os três foram presos no Rio, de forma preventiva, na Operação Murder, Inc., deflagrada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), MPRJ e Polícia Federal (PF).
Em junho, por unanimidade, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) tornou os três réus, acusados de serem os mandantes dos assassinatos. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, argumentou que a acusação trouxe fortes elementos do elo entre os interesses da organização criminosa e os assassinatos, e defendeu a competência do STF em julgar o caso. Os presos negam participação nos crimes.
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