A queda do investimento na economia brasileira registrada no primeiro trimestre foi de 3,5% em comparação com o último trimestre de 2021. Com isso, passou a representar o equivalente a 18,7% do PIB (Produto Interno Bruto), abaixo dos 19,2% registrados em dezembro, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (2) pelo IBGE (Instituto Nacional de Geografia e Estatística).
“De longe, o fator mais preocupante dos números apresentados no PIB do primeiro trimestre é a queda do investimento em 3,5%, porque representa justamente as compras que os empresários fazem buscando aumentar sua produção futura. Isso é o motor econômico de longo prazo. Uma queda desta magnitude mostra que existe pouca confiança na economia brasileira no longo prazo, resultando na queda do investimento no país”, afirma o economista do Portal ICL André Campedelli.
A queda no investimento na economia é medida pelo IBGE por meio do cálculo da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que reúne tudo que é investido para ampliar a capacidade de produção da economia. Isso vale para projetos de ampliação ou construção de novas fábricas, estradas, além de portos, aeroportos, minas ou plataformas de petróleo, por exemplo, promovidos tanto pela iniciativa privado quanto pelos governos. É por meio desses investimentos realizados hoje que o país pode, no futuro, produzir mais, abrir novos empregos e, assim, gerar mais riquezas.
Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, os investimentos na economia brasileira recuaram 7,2%, após cinco trimestres seguidos de crescimento. Importante ressaltar que, no primeiro trimestre deste ano, PIB foi alavancado por conta da exportações, ou seja, por tudo o que saiu do país.
Com o resultado, o volume de investimentos na economia em relação ao tamanho do PIB piorou na comparação com a média verificada na América Latina e em países emergentes. É um sinal de que o Brasil precisa melhorar urgentemente esse indicador para voltar a acelerar o desenvolvimento econômico.
No acumulado em quatro trimestres, o indicador conseguiu manter uma variação positiva, de 10,1%. O problema é que o país deve enfrentar um cenário econômico ainda mais adverso no restante deste ano para atração de investimentos.
Alguns fatores aceleraram a queda do investimento na economia brasileira neste ano
No primeiro trimestre, alguns fatores interferiram no PIB como restrições por causa da pandemia; programa de concessões públicas que não estão gerando investimentos fortes nos setores de ferrovias, portos, aeroportos; redução de capital externo, entre outros.
Os investimentos na economia brasileira estavam em recuperação desde 2017, quando esse indicador atingiu uma mínima histórica, de 14,6%. Mas o Brasil seguiu abaixo da média registrada no mundo, entre países emergentes e mesmo dentro da América Latina, aponta estudo do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Segundo economistas, o período de recessão econômica, entre 2014 e 2017, impactou a poupança doméstica e tirou a competitividade do país para atrair recursos externos. Logo depois, veio a pandemia. Os resultados negativos foram ainda mais fortes devido à total falta de uma política econômica do atual governo, que insiste no aumento da taxa de juros como único instrumento para controlar a inflação e que, na verdade, tem piorado a situação. O nível de investimentos até aumentou em 2020 e 2021. Mas isso ocorreu porque foi o PIB que diminuiu -e não porque os investimentos aumentaram.
A retomada do aumento da participação dos investimentos no PIB é fundamental para que o país possa sustentar um ritmo de crescimento econômico por mais trimestres, dizem economistas. O problema, agora, é a Inflação crescente provocada também pelo encarecimento do petróleo e das commodities, levando os bancos centrais no mundo a elevarem juros. No Brasil, a taxa básica Selic já atingiu o maior patamar em meia década. Também as eleições aumentam as incertezas com relação à política econômica do próximo governo.
Redação ICL Economia
Com informações do ICL Notícias e do UOL Economia
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