Há uma história atribuída ao Buda sobre dois acrobatas — um mestre e sua assistente. O mestre subiu no topo de uma vara de bambu e disse para sua assistente que subisse também e ficasse de pé sobre os ombros dele. “Vamos exibir nossa habilidade para a plateia, e eles vão nos dar muito dinheiro. Você cuida de mim e eu cuidarei de você e assim estaremos seguros”. A assistente avaliou a situação e balançou a cabeça. “Não mestre”, disse ela. “Você vai cuidar de si mesmo e eu vou cuidar de mim, e então vamos exibir nossa habilidade. Desse jeito nós vamos ganhar algum dinheiro e ficar seguros”
A forma com que o casal encara suas responsabilidades pela harmonia e sucesso do relacionamento é a mesma do acrobata e sua assistente. “Você vai fazer o que for preciso fazer e eu vou fazer o que eu preciso fazer”.
Citarei duas formas erradas que casais costumam administrar uma relação, achando ser correta.
- Colocar o propósito de vida do outro em primeiro lugar e achar que isto é um sinal de amor.
Romantizamos a ideia de fazer sacrifícios e nos dedicarmos totalmente a outra pessoa, deixando suas necessidades e propósito em segundo lugar. Principalmente renunciar ao seu propósito. Já vi muitas relações falirem por este motivo. A pessoa abdica dos seus objetivos e anos depois se ressente profundamente e se sente enganada pelo outro. Acusam seus parceiros de não terem ajudado a priorizar seu propósito.
Seu propósito deve vir em primeiro lugar para você e o propósito do seu parceiro deve vir em primeiro lugar para ele. Desta forma ambos podem apoiar os objetivos um do outro, priorizando o que, no momento, é mais importante para o relacionamento como um todo.
Obviamente podemos privilegiar o propósito do outro, mas com a garantia de que o nosso um dia também chegará. Como exemplo pode ser, um renunciar a sua pós-graduação em um certo momento, para que possam direcionar o investimento para comprar um imóvel juntos.
- A outra forma errada é manter uma relação de codependência, acreditando o modo correto para se relacionar. Vejo muitos casais que a relação é de codependência, em que não existe individualidade, mas sim uma dependência emocional e afetiva pelo outro.
“Os casais precisam manter a identidade individual dentro do relacionamento, em vez de deixar que a relação a defina.”
Como diz a terapeuta familiar e matrimonial Kathleen Dahlen de Vos, os casais mais felizes são aqueles que conseguem superar a obsessão inicial um pelo outro e priorizar os próprios objetivos e empreitadas. “Quando os casais dependem apenas um do outro para satisfazer todas as necessidades sociais e de intimidade emocional, essa “fusão” pode sufocar o desenvolvimento pessoal saudável e fazê-los recair na codependência”.
Viver seu propósito ajuda a viver uma vida apaixonada, inspirada e motivada, uma vida que quer compartilhar com alguém. Por outro lado, também ter o prazer de conviver com alguém que se sente realizado.
Priorize-se e deixe que o outro faça o mesmo. Só assim vocês terão uma relação de interdependência. Maior felicidade sua e a de quem você ama.
Grande abraço,
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