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Ivanir dos Santos

Professor e orientador no Programa de Pós-graduação em História Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Conselheiro Estratégico do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP). Autor e idealizador da série Resistência Negra, da Globoplay.

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Racismo e intolerância religiosa

Os impactos da intolerância religiosa sobre as relações sociais, políticas e culturais ainda são alimentadas cotidianamente pelo racismo
10/02/2025 | 07h15

Os debates sobre racismo e intolerância religiosa ganharam repercussão nos últimos rejeitou a possibilidade de reconhecimento do chamado “racismo reverso“, ao analisar o caso de um homem negro que estava sendo acusado desse suposto crime.

Casos como esses não são, infelizmente, incomuns no nosso país. A credibilidade que o racismo e a intolerância construíram ao longo dos séculos nos colocou como algozes do crime colonial e nos lançou como “diferentes” em sociedade que sempre criminalizou e desumanizou as nossas práticas culturais e espirituais.

Não podemos nos esquecer que o Brasil é um dos países em que a glorificação do passado colonial, seja pela intolerância religiosa ou pelo racismo, atua de forma explícita.

A gênese da formação da sociedade brasileira nos permite compreender que os impactos da intolerância religiosa sobre as relações sociais, políticas e culturais ainda são alimentadas cotidianamente pelo racismo.

Impactos esses que atravessaram décadas, se enraizaram na cultura nacional e se manifestam de várias formas.

Orá! Não estamos assistindo algumas administrações municipais alterarem as festividades do carnaval por show gospel? Não estamos assistindo a hostilização e casos de intolerância contra carnavalescos e escolas de samba que vão levar para as avenidas várias homenagens às culturas africanas e afrobrasileiras?

Cá do meu canto, uma pergunta: quando o Brasil será um país laico, democrático e antirracista?

Acredito que ainda precisamos investir e instrumentalizar, com uma proposta pedagogia descolonizadora que possa estar voltada para as diversidades, pluralidade e sobretudo para o diálogo interreligioso.

Acredito que essas possivelmente seriam as chaves para que possamos construir uma sociedade onde as nossas diferenças possam ser os laços que nos unem e não as pontas que os separam.

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