Por Vinicius Konchinski
Um motoboy negro foi preso neste sábado (17) por agentes da Brigada Militar do Rio Grande do Sul após ser esfaqueado por um idoso branco. O fato foi registrado em vídeo publicado em redes sociais pelo professor Renato Levin Borges, de 40 anos.
Segundo Renato, que presenciou o caso, o motoboy negro estava sentado numa calçada nas proximidades do restaurante Aurora, no bairro Rio Branco, em Porto Alegre, perto das 12h. Um idoso, então, desceu do prédio em que mora naquela região com uma faca. Golpeou o motoboy no pescoço sem qualquer motivo aparente.Renato contou que o ataque chamou a atenção de pessoas que aguardavam na fila do restaurante Aurora, inclusive ele mesmo. Eles se aproximaram e viram que a vítima havia sido esfaqueada e estava sangrando. O idoso permanecia com a faca na mão.
A Brigada Militar foi acionada pelas testemunhas. Ao chegarem, os agentes sequer abordaram o idoso, segundo Renato. Prenderam o motoboy sob protestos dos presentes e do próprio agredido. “Foi um tratamento totalmente diferente. Escolheram abordar o homem negro e ferido”, relatou. Veja o vídeo:
Acabei de presenciar no bairro Rio Branco tentativa de homicídio e a vítima, um homem negro, foi levado preso. Com a mobilização da população levaram o agressor, um senhor branco junto. A violência da polícia com a vítima foi absurda. pic.twitter.com/4hTvtAG2im
— judz (@nietzsche4speed) February 17, 2024
Para ele, houve um racismo flagrante na abordagem. Renato contou que, enquanto o homem negro era preso, o idoso branco subiu ao seu apartamento livremente. Deixou lá a faca que usou para agredir o motoboy. Só desceu depois de a população revoltar-se com a atitude dos agentes da Brigada Militar.
Renato contou que o homem negro foi preso por supostamente desacatar a ordem de autoridades. O homem branco também foi levado à delegacia.
Testemunhas disseram que o idoso costuma xingar e reclamar com frequência de motoboys que esperam por entregas perto de sua residência.
Procurada pelo Brasil de Fato, a Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul e o governo do estado ainda não se pronunciaram. O espaço segue aberto para os esclarecimentos.
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