Por Brasil de Fato
As 75 mil toneladas de bombas despejadas por Israel sobre a Faixa de Gaza já superaram a destruição causada por bombardeios dos EUA na cidade alemã de Dresden, considerada uma das maiores da Segunda Guerra Mundial.
O pequeno território de 365 km² — menor que a zona leste de São Paulo (SP) e com metade do tamanho de Salvador (BA) — já abriga mais destroços a serem retirados do que tudo o que foi produzido em dois anos de guerra na Ucrânia.
No começo de maio, a Organização das Nações Unidas (ONU) calculou que o custo para reconstruir Gaza esteja entre US$ 30 e 40 bilhões (entre R$ 150 bi e R$ 200 bi). Isso, claro, se o massacre iniciado por Israel em outubro parasse agora, algo que não parece provável.
Neste 15 de maio, aniversário da Nakba palestina — ou tragédia, como eles se referem à criação de Israel em 1948 que causou a expulsão de milhares de suas terras — o Brasil de Fato traz um raio-x da nova tragédia vivida por esse povo, o massacre promovido por Israel desde 7 de outubro.
Na segunda (13), a ONU negou que tenha revisado para baixo as cifras, informando que nem todos os mortos já tenham sido identificados.
Na realidade, a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que os números são provavelmente muito maiores.
O Banco Mundial diz que a destruição e, consequentemente, o custo para reconstruir Gaza são “inéditos” e, ao que tudo indica, subestimados. Os cerca de US$ 30 bi calculados como mínimo necessário representam mais do que o PIB dos territórios palestinos juntos (Gaza e Cisjordânia) em 2022.
Os ataques a hospitais, o bloqueio à ajuda humanitária e o número crescente de civis mortos e feridos em conflitos deixaram o sistema médico de Gaza incapaz de lidar com o grande número de feridos.
A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF), que atua no território palestino, relatou que a escassez de recursos por causa do cerco israelense vem obrigando médicos a realizarem cirurgias em crianças mesmo sem anestésicos.
A ONG Save the Children disse que o atual massacre, somado aos 17 anos de bloqueio, causaram danos implacáveis à saúde mental das crianças de Gaza, tornando-as incapazes de imaginar um futuro sem guerra.
O sofrimento emocional é difícil de ser medido e a situação piora ao se perceber que pais e cuidadores possuem a cada dia menos ferramentas e condições de oferecer cuidados para elas.
Há dois meses, a Oxfam afirmou que “os níveis catastróficos de fome e inanição em Gaza são os mais elevados alguma vez registados na escala do IPC, tanto em termos de número de pessoas como de percentagem da população. Nunca antes vimos uma deterioração tão rápida rumo à fome generalizada”.
A escala do IPC inclui cinco níveis de segurança alimentar: segurança alimentar geral, insegurança alimentar moderada/limitada, crise aguda de alimentação e subsistência, emergência humanitária e fome/catástrofe humanitária.
Com a crise hídrica e a destruição do sistema de esgoto, as doenças se espalham em Gaza, como a cólera.
O governo dos Estados Unidos disse na segunda-feira que Israel pode e deve fazer mais para proteger os civis palestinos em Gaza, mas insistiu que a ação militar de Israel não equivale a um genocídio.
O massacre generalizado, no entanto, tornou Israel isolado internacionalmente, com importantes nomes da geopolítica mundial pedindo a responsabilidade criminal do premiê israelense, Benjamin Netanyahu.
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