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Chico Alves

Jornalista, por duas vezes ganhou o Prêmio Embratel de Jornalismo e foi menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog. Foi editor-assistente na revista ISTOÉ e editor-chefe do jornal O DIA. É co-autor do livro 'Paraíso Armado', sobre a crise na Segurança Pública no Rio, em parceria com Aziz Filho. Atualmente é editor-chefe do site ICL Notícias.

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Rede Afroambiental – Laços potentes

O conceito de rede nunca foi uma dificuldade para as populações negras
01/12/2023 | 00h32

Os conceitos ou princípios de rede nunca foram uma dificuldade ou algo que as populações negras não soubessem desenvolver, vide as suas práticas de sustentação e manutenção de costumes e tradições. São sempre perpassadas por este tipo de organização coletiva em rede.

Isso se justifica pela própria existência frente às investidas de práticas externas contrárias, o colonialismo. Por isso, as suas diversas formas de lutas pela sobrevivência e fortalecimento de suas culturas e formas de viver.

São diversas redes que se formaram em prol da valorização e dignificação da população negra, incidindo em organizações e articulações que primam por conduzir e orientar os coletivos negros enquanto núcleos de resistência.

Redes de mulheres negras, Redes de Religiões afrobrasileira e Saúde, Rede Quilombola e esta Rede Afroambiental, que pretendo expor aqui como caso especifico, se organiza e se articula provocando o Estado Brasileiro e a sociedade.

A Rede Afro Ambiental atua como advocacia Internacional dos Povos de Matriz Africana, formando a Juventude do Rio de Janeiro e outros estados da União, com noções referentes a Ancestralidade e Crise Climática nas comunidades de matriz africanas pelo clima. Trata da crise climática proveniente do Antropoceno, ou seja as intervenções do homem ao meio ambiente.

A Rede Afroambiental atua com o fortalecimento internacional de implementação de políticas públicas e atualmente está atuando nas cinco regiões do Brasil, bem como na Europa, América Latina e África.

Nesta semana, a Rede Afroambiental estará realizando um encontro que tem por objetivo finalizar a Agenda Climática dos Povos de Matriz Africana, que é o resultado da escuta de lideranças do Brasil e afrodescendentes, fazendo uma devolutiva para subsidiar a formulação da ODS 18 na Agenda 20/30  para Combater o Racismo ambiental e todas suas formas correlatas de discriminação.

A Rede Afroambiental busca na ODS 13 ferramentas para mitigar os efeitos das injustiças climáticas, seus reflexos cruéis contra os povos afrodescendentes vulnerabilizados ao longo de todo um processo histórico nefasto do capitalismo e o racismo nas diásporas negras e o continente africano. Consequentemente,  todo o planeta.

Esse princípio de se trabalhar em Rede foi um dos mecanismos que possibilitaram que as comunidades negras não fossem exterminadas, promovendo o sentido de unidade na diversidade, enquanto uma prática de resistência para reexistir.

Criando nós de sustentação e elos muito bem fortalecidos, que simbolizam o verdadeiro sentido do conceito Ubuntu “sou por que somos”, onde a individualidade não cabe.

A Rede Afroambiental só se sustenta por que pensa que trabalhar meio ambiente é trabalhar um ambiente mais amplo. Para esta rede, ambiente é saúde, ambiente é natureza, ambiente é educação, ambiente é ancestralidade, ambiente é espiritualidade, ambiente cuidado com seres humanos e não humanos. Portanto quando a Rede Afroambiental defende o meio ambiente, ela está dizendo, que esta defesa deve ser feita em cima de um ambiente integral, onde o homem não é o dominante, mas uma das partes que compõem este ambiente.

Redes de sustentação, Redes de viver!

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