O PL 1904, que propõe equiparar o aborto depois de 22 semanas de gestação ao crime de homicídio, teve 90% de rejeição nas redes sociais, afirma Pedro Barciela, analista das plataformas digitais e colunista do ICL Notícias.
Segundo ele, além da oposição de um grande número de internautas, outro fator notável é que a discussão engajou usuários das redes que não têm o perfil polarizado. O tema mobilizou pessoas que normalmente não participam do debate político.
“Entre as ocorrências analisadas, 40% foram de críticas à bancada evangélica, 25% de defesa dos direitos das mulheres e 20% com críticas ao projeto”, explica Barciela.
Os 10% de comentários que fazem a defesa do projeto se restringiram a usuários considerados como núcleo duro do bolsonarismo.
“De quarta para quinta-feira esse foi o assunto que mais gerou engajamento nas redes. É uma surra considerável”, diz ele. “Isso pode explicar o recuo do presidente da Câmara, Arthur Lira”.

Manifestação contra o Projeto de Lei do Estupro, na avenida Paulista. Foto: William De Lucca
O que propõe o PL?
Chamado de PL do Estupro ou PL do Estuprador, o texto propõe alterações no Código Penal, equiparando a punição ao aborto após 22 semanas de gestação às penas previstas para homicídio simples. Além disso, estipula que o aborto não será permitido em casos de viabilidade fetal, mesmo quando resultantes de estupro.
Ou seja: mulheres que forem vítimas de estupro e interrompam a gravidez nesse período poderão ser presas, recebendo pena de até 20 anos de detenção. Punição menor que a do estuprador, cuja pena máxima é de 10 anos.
Atualmente, no Brasil, o aborto é permitido em três situações: gravidez decorrente de estupro, risco à vida da mulher e anencefalia fetal.
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