ICL Notícias
Economia

Compensação a estados por redução do ICMS pode custar bilhões à União, segundo cálculos do Tesouro

O Tesouro Nacional fez estimativas do valor que seria devido aos estados por causa da redução do ICMS sobre combustíveis. No cenário menos extremo, a fatura ficaria em R$ 13,2 bi. No cenário extremo, pode custar à União até R$ 36,9 bi
30/01/2023 | 21h02

O pagamento de uma reparação pela União aos estados, devido à redução do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), foi colocado entre os principais temas na pauta da reunião entre os 27 governadores e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na sexta-feira (27). O tema do ICMS é urgente. A alteração no ICMS dos combustíveis foi sancionada por Jair Bolsonaro (PL) com o objetivo de reduzir preços da gasolina e do diesel em ano eleitoral. Nos estados,  25% do ICMS é direcionado, obrigatoriamente, à educação, e 12% à saúde. A redução da alíquota tem comprometido o orçamento dessas áreas.

A cobrança do imposto estadual passou a ser de um valor fixo por litro  em vez de um percentual. A medida teve impacto bilionário no caixa dos estados. Em dezembro, o STF (Supremo Tribunal Federal) deu um prazo de 120 dias para União e estados chegarem a um acordo. A forma de cálculo dessa reparação é o principal alvo do impasse.

A compensação aos estados pelos cortes de ICMS, patrocinados pelo ex-presidente Bolsonaro e pelo Congresso, às vésperas das eleições de 2022, pode custar à União até R$ 36,9 bilhões, segundo cálculos do Tesouro Nacional obtidos pela Folha.

O governo federal fez uma série de estimativas do valor que seria devido a cada um dos 26 estados e o Distrito Federal  por causa da redução do ICMS sobre combustíveis. No cenário menos extremo, a fatura ficaria em R$ 13,2 bilhões. No cenário extremo, pode custar à União até R$ 36,9 bilhões, segundo cálculos do Tesouro Nacional, publicados em reportagem do jornal Folha de S Paulo. O pagamento dessas reparações pode ser feito por meio de transferência da União aos estados, em vez de abatimento de dívidas.

Estados querem que as perdas com a redução do ICMS sobre combustíveis, em 2022, sejam estimadas sobre a base de 2021 corrigida pela inflação

redução do ICMS, reunião com governadores, litro da gasolina, aumento de preço, vendas no varejo, desoneração dos combustíveis, redução do ICMS, menos poluente, pec dos combustíveis, alíquota de ICMS, ICMS sobre combustíveis, uso político da petrobras, icms da gasolina, icms único do diesel, litro da gasolina, Petrobras, ipca de julho, diesel

Crédito: Agência Brasil / Marcelo Camargo

Os estados defendem estimar a compensação de forma específica para cada combustível e realizar o ressarcimento integral a todos os estados, dentro ou fora do programa de recuperação fiscal para endividados. Assim, o gatilho de 5% valeria para todos e dispararia o pagamento de todo o prejuízo e não só o excedente a esse percentual, como defende a União.

Os secretários também querem que as perdas em 2022 sejam estimadas sobre a base de 2021 corrigida pela inflação. Sem essa atualização, segundo eles, poucos estados acionariam o gatilho da compensação, uma vez que as receitas tributárias sobem naturalmente, acompanhando o nível de preços.

O dispositivo da lei, porém, fala em compensação da perda “que exceda ao percentual de 5% em relação à arrecadação deste tributo no ano de 2021”. A interpretação da União é que a reparação deve contemplar só o prejuízo excedente à queda de 5%, calculada sobre o valor nominal das receitas do ano anterior, uma vez que o texto não cita correção monetária.

O governo federal ainda entende que a estimativa deve ser feita sobre o ICMS como um todo, de forma global. De acordo com simulações feitas pelo Tesouro, um acordo que acatasse 100% das interpretações da União resultaria em uma compensação de R$ 13,2 bilhões. O pior cenário, estimado em R$ 33,4 bilhões, contempla os principais critérios adotados em liminares judiciais já concedidas a favor dos estados: pagamento do excedente aos 5%, apuração específica por produto e com correção monetária da base de comparação.

O estado de São Paulo seria o principal beneficiado, com R$ 5,86 bilhões —17,6% do valor total de R$ 33,4 bilhões. Na sequência viriam Rio de Janeiro (R$ 4,5 bilhões) e Minas Gerais (R$ 4,2 bilhões).

Há ainda os cenários que contemplam a cobertura do prejuízo integral para todos os estados —ou seja, uma vez acionado o gatilho, a União paga 100% do valor. Nesse caso, o custo seria de R$ 16,5 bilhões, considerando uma estimativa sobre o valor global do ICMS e sem correção da base de 2021. A atualização pela inflação dos valores do ano anterior elevaria a perda a R$ 27,5 bilhões. Se o cálculo for específico por combustível, o prejuízo fica em R$ 31,3 bilhões (sem correção da base) ou R$ 36,9 bilhões (com atualização da base de 2021).

A União discorda de vários dos pleitos dos estados, mas pode acabar atendendo a um ou dois itens de forma a conseguir acelerar o desfecho do acordo. A orientação é verificar qual desses pontos teria menor impacto nos cofres do governo federal.

A forma de pagamento também está sendo estudada. Por um lado, alguns estados já obtiveram liminares e estão abatendo valores de suas parcelas da dívida. O valor compensado até agora chega a R$ 9,05 bilhões.

Por outro, o governo federal tem restrições fiscais a serem observadas no caso de escolha por um repasse aos estados, entre elas o resultado primário e o teto de gastos, que limita o crescimento das despesas à inflação.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

Deixe um comentário

Mais Lidas

Assine nossa newsletter
Receba nossos informativos diretamente em seu e-mail