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Região Metropolitana do Rio registra 283 chacinas policiais em sete anos

Levantamento do Instituto Fogo Cruzado aponta a morte de 1.137 civis. Houve, em média, três chacinas por mês
28/11/2023 | 13h00

Vitor Abdala — Agência Brasil

Operações policiais na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, entre agosto de 216 e julho de 2023, resultaram em 283 chacinas. O levantamento foi feito pelo Instituto Fogo Cruzado. No total, 1.137 civis morreram nessas ações. Os dados estão na plataforma Chacinas Policiais, lançada ontem pela entidade.

O Fogo Cruzado considera chacina os episódios de violência em que há três ou mais mortos. Quando isso ocorre durante operações da polícia, são chamadas de chacinas policiais. Pelo levantamento, houve, em média, três chacinas policiais por mês.

De acordo com o levantamento, a região do Grande Rio com maior número de chacinas e mortes é a Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, com 73 ações, que resultaram em 373 mortes. Em seguida, aparecem a Baixada Fluminense (72 casos e 255 mortos) e o Leste Metropolitano (70 registros e 252 óbitos). Na Zona Sul da capital, houve nove chacinas e 39 pessoas mortas.

“Há décadas convivemos com uma polícia que tem na alta letalidade um indicador de eficiência. Pela primeira vez podemos ver sistematizados os números de chacinas, que são operações altamente letais. A sociedade pode agora refletir: essa letalidade tornou a cidade mais segura?”, explica a diretora de Dados e Transparência do Fogo Cruzado, Maria Isabel Couto.

Segundo a diretora, é preciso refletir também sobre os impactos que essa política tem na cidade, além do número de mortes provocadas. “Vias são fechadas, o transporte público é afetado, escolas e postos de saúde deixam de funcionar. Um dia de operação policial traz consequências físicas, mentais e muitas vezes financeiras para todos os moradores ao redor. Sofrem os cidadãos, sofre a cidade”, afirma Maria Isabel.

A maioria das chacinas tem três mortos, mas há casos em que o número de vítimas civis supera 20 óbitos, como as ocorridas no Jacarezinho, em maio de 2021, com 27 mortos, e na Vila Cruzeiro, em maio de 2022, com 23 mortos. Ambas são comunidades da Zona Norte.

O levantamento chama a atenção também para a existência da chamada Operação Vingança, quando a chacina ocorre depois da morte ou ferimento de um policial. De acordo com o Fogo Cruzado, essas chacinas foram 71% mais letais do que aquelas em que não houve agentes de segurança atingidos, com um total de 117 mortos no Grande Rio.

Há locais que concentram um grande número de chacinas, como o Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, onde 14 chacinas deixaram 66 mortes nesses sete anos. A Maré, na Zona Norte do Rio, teve dez ocorrências com 51 mortes.

Além da participação da Polícia Militar e da Polícia Civil nesses episódios, o Fogo Cruzado chama atenção para a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que esteve envolvida em dez chacinas com 71 mortos.

A Agência Brasil entrou em contato com as polícias Militar, Civil e Rodoviária Federal, mas não houve retorno.

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