Lula e Xi Jinping: ‘Relação entre Brasil e China nunca foi tão necessária’

Nesta terça-feira (13), durante sua viagem à Pequim, na China, o presidente Lula (PT) afirmou que a relação entre Brasil e China “nunca foi tão necessária”, logo após uma reunião com presidente chinês Xi Jinping.

“Guerras comerciais não têm vencedores. Elas elevam os preços, deprimem as economias e corroem a renda dos mais vulneráveis em todos os países. O presidente Xi Jinping e eu defendemos um comércio justo e baseado nas regras da Organização Mundial do Comércio”, disse Lula.

Segundo Lula, há anos a ordem internacional demanda reformas profundas. O presidente disse que, nos últimos meses, o mundo se tornou mais imprevisível, mais instável e mais fragmentado. De acordo com o presidente, China e Brasil estão determinados a unir suas vozes contra o unilateralismo e o protecionismo.

Lula e sua comitiva estão em Pequim, onde o presidente assinou cerca de 30 atos bilaterais com a China. Este já é o terceiro encontro presencial entre Lula e Xi Jinping desde o início do terceiro mandato do petista, em 2023.

“Não é exagero dizer que apesar dos mais de 15 mil quilômetros que nos separam, nunca estivemos tão próximos”, acrescentou.

Antes da fala de Lula, Xi Jinping já havia manifestado como relação entre os dois países é importante, e considerada estratégica por ele.

No encontro, Brasil e China assinaram 20 protocolos e memorandos em áreas como agricultura, estratégia aeroespacial, ciência e tecnologia.

O governo brasileiro já havia anunciado nesta segunda-feira (12) um investimento de R$ 27 bilhões da China em diversas áreas no Brasil.  De acordo com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações (ApexBrasil), o valor inclui:

• R$ 6 bilhões da GAC, uma das maiores montadoras chinesas, para “expansão de suas operações” no Brasil.
• R$ 5 bilhões da Meituan, plataforma chinesa de delivery – que quer atuar no Brasil com o app “Keeta” e prevê gerar até 4 mil empregos diretos e 100 mil indiretos.
• R$ 3 bilhões da estatal chinesa de energia nuclear CGN para construir um “hub” de energia renovável (eólica e solar) no Piauí.
• Até R$ 5 bilhões da Envision para construir um parque industrial “net-zero” (neutro em emissões de carbono) – o primeiro da América Latina, segundo a Apex.
• R$ 3,2 bilhões da rede de bebidas e sorvetes Mixue, que deve começar a operar no Brasil e espera gerar 25 mil empregos até 2030.
• R$ 2,4 bilhões do grupo minerador Baiyin Nonferrous, que anunciou a compra da mina de cobre Serrote, em Alagoas.

Com a viagem à China, que teve o intuito de estreitar as relações comerciais entre Brasil e China, sobretudo com a guerra tarifária entre EUA e o país asiático, ministros e empresários acreditam que o Brasil pode surgir como “alternativa” para parte dos produtos americanos importados pela China.

Guerra comercial entre China e EUA

As falas do presidente brasileiro contra a guerra comercial foram ditas um dia após o anúncio da trégua de 90 dias na escalada de tarifas e sobretaxas entre EUA e China.

O líder chinês também criticou as guerras comerciais iniciadas pelo governo Trump, e disse que Brasil e China concordam não há vencedores neste tipo de disputa. Em sua declaração, Xi Jinping disse que os países vão defender juntos o livre comércio e o sistema multilateral.

Os líderes também criticaram guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza, e falaram sobre como Brasil e China podem ajudar a mediar um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia.

“Superar a insensatez dos conflitos armados também é pré-condição para o desenvolvimento. Os entendimentos comuns entre Brasil e China para uma resolução política para crise na Ucrânia oferecem base para um diálogo abrangente que permita o retorno da paz à Europa”, disse Lula.