O mercado financeiro reduziu ainda mais a expectativa de inflação para 2022 e 2023 e elevou a do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), não só deste ano, mas também o do próximo, mostram dados do Relatório Focus divulgados nesta segunda-feira (5) pelo Banco Central. A expectativa das instituições financeiras consultadas, semanalmente pelo BC para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deste ano caiu de 6,70%, há uma semana, para 6,61% e, para 2023, de 5,30% para 5,27%. Já a projeção de alta do PIB subiu de 2,10% para 2,26% e de 0,37% para 0,47%, respectivamente.
Segundo a economista do ICL Deborah Magagna, a expectativa de maior PIB para o final do ano, trazida pelo relatório Focus, ainda não chega à população por conta da alta dos alimentos. Também não se nota a expectativa de aumento do PIB por meio de salários melhores ou de oportunidades melhores de trabalho. “O incremento do PIB ainda está concentrado em uma faixa de renda mais alta da população”, afirma Deborah.
Os economistas do ICL, André Campedelli e Deborah Magagna, explicam que o que importa para a maior parte da população é a inflação de alimentos. “Quando as pessoas vão ao mercado, elas não conseguem observar essa deflação tão comemorada, o que elas veem é um carrinho de compras cada vez mais caro semana após semana. E, mesmo que pare de subir de acordo com o relatório Focus, ele já está excessivamente caro, e vai demorar um tempo até que a renda dos brasileiros seja recomposta ao ponto de que este peso não seja mais sentido. Por isso, a sensação é de incômodo, e não poderia ser diferente. Para as pessoas que conseguem comprar alimentos sem olhar o preço na gôndola, a situação realmente está melhor, mas para a grande maioria do povo, o sentimento não vai mudar tão cedo”, explicam.
Apesar do relatório Focus apontar crescimento da economia no final do ano, população ainda não sente reflexos deste aumento de atividade por meio de melhores salários ou aumento de oportunidades de trabalho
Foi a décima queda consecutiva na projeção para o IPCA deste ano e a terceira para o do próximo, além da décima alta consecutiva para a estimativa do PIB em 2022 e a primeira para a do crescimento da economia em 2023.
Apesar da melhora nas projeções do relatório Focus, para 2022 e 2023, o mercado começou a estimar uma piora no cenário econômico no médio prazo, ao elevar a expetativa da Selic no fim de 2023 (de 11,00% para 11,25%) e também a da inflação de 2024 (de 3,41% para 3,43%).
Além disso, o mercado manteve as expectativas para a Selic no fim de 2022 (13,75%), 2024 (8,00%) e 2025 (7,50%) e para o dólar nos próximos 3 anos (US$ 1 = R$ 5,20 em 2022 e 2023 e R$ 5,10 em 2024). Mas elevou marginalmente a estimativa para a moeda americana em 2025 (de R$ 5,17 para R$ 5,18).
Apesar das revisões para baixo nas projeções da inflação deste e do próximo ano (6,61% e 5,27%) de acordo com relatório Focus, elas ainda estão muito acima da meta do BC (3,5% e 3,25%, respectivamente). Com a tolerância de 1,5 ponto percentual, a meta será cumprida se o IPCA ficar entre 2% a 5% em 2022 e entre 1,75% e 4,75% em 2023.
Ou seja: caso o cenário projetado atualmente pelo mercado no relatório Focus ocorra, a meta do BC será descumprida por três anos consecutivos (pois em 2021 o índice oficial de inflação do Brasil fechou o ano em 10,06% e estourou o teto da meta).
Para 2024, as instituições financeiras consultadas preveem um IPCA acima do centro da meta (3,43%, contra um alvo de 3% e uma projeção de 2,7% do BC). Isso indica uma desancoragem de expectativas do mercado em relação às da autoridade monetária (para 2024, a meta será cumprida se ficar entre 1,5% e 4,5%).
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias
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