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Remédio injetável é 100% eficaz na prevenção do HIV, mostra estudo

Dados do estudo foram apresentados na 25ª conferência internacional sobre a Aids
26/07/2024 | 13h50

Um estudo científico divulgado nesta quarta-feira na revista internacional New England Journal of Medicine (NEJM) revelou que o remédio antirretroviral lenacapavir da Gilead Sciences apresenta uma eficácia geral de 100% na prevenção da infecção pelo HIV-1.

O HIV-1 é responsável por quase todas as infecções de HIV no mundo. Os dados do estudo foram apresentados na 25ª Conferência Internacional Sobre a Aids, que acontece em Munique, na Alemanha.

O estudo aponta que o medicamento injetável aplicado somente duas vezes por ano se provou tão eficaz que o estudo clínico chegou a ser interrompido precocemente, já que os números superaram os critérios de interrupção pré-definidos. Os dados foram obtidos após o acompanhamento de mais de 2 mil mulheres cisgênero na Uganda e na África do Sul.

Após a divulgação dos resultados, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids emitiu um comunicado afirmando que o medicamento oferece uma esperança de acelerar os esforços para acabar com a Aids como ameaça à saúde pública até 2030.

O medicamento custa cerca de US$ 40 mil por pessoa, por ano. Segundo a agência da ONU, para alcançar a meta de Agenda 2030, a Gilead precisará assegurar que todas as pessoas que necessitam tenham seu acesso garantido.

O lenacapavir já é aprovado nos Estados Unidos, Europa e Canadá como tratamento do HIV-1. Ainda não tem, no entanto, registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Novo remédio que previne HIV-1 ainda não tem registro na Anvisa Foto: Agência Brasil

Remédio

O Lenacapavir, comercialmente chamado de Sunlenca, é visto uma alternativa em comparação com os atuais medicamentos preventivos orais de uso padrão para a profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP).

O estudo da Gilead provou que nenhuma das 2.134 mulheres que recebeu o lenacapavir contraiu o HIV. As mulheres cis não podem usar a PrEP sob demanda.

Em comparação, 16 das 1.068 mulheres (ou 1,5%) que tomaram entricitabina (FTC) e fumarato de tenofovir desoproxila (TDF), a combinação farmacológica da PrEP, foram infectadas.

Já 39 das 2.136 mulheres (1,8%) que receberam emtricitabina (FTC) e tenofovir alafenamida (TAF), um comprimido diário chamado comercialmente de Descovy, foram infectadas.

Há ainda estudos em andamento na Argentina, Brasil, México, Peru, África do Sul e Tailândia para verificar a eficácia do medicamento em homens que fazem sexo com outros homens, em pessoas trans e em usuários de drogas injetáveis. Os resultados devem começar a ser divulgados ainda este ano ou no começo de 2025.

Monopólio

Na última terça-feira (23), uma coalizão de ativistas, incluindo a Médicos Sem Fronteiras (MSF), também exigiu uma ação global imediata para quebrar o monopólio da Gilead sobre o lenacapavir.

Os dados do estudo divulgado hoje mostram que o lenacapavir genérico pode ser fabricado a um custo mil vezes menor do que os $ 42.250 anuais cobrados pela Gilead. Segundo a estimativa, com a produção em larga escala, o custo do lenacapavir genérico deve começar em $ 100 por ano (558 reais) e pode cair para $ 40 (223 reais) à medida que a demanda aumentar.

 

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