ICL Notícias
Economia

Com aumento da taxa de juros, rentabilidade dos bancos se recupera em 2021 e lucro bate recorde. População endividada paga a conta

Aumento da rentabilidade dos bancos foi registrado em um ano de crescimento dos empréstimos bancários e de alta na taxa básica de juros pelo Banco Central, na tentativa de conter as pressões inflacionárias
09/08/2022 | 20h55

A rentabilidade dos bancos bateu recorde em 2021. O chamado retorno sobre o patrimônio líquido do sistema bancário nacional alcançou 15,1% em dezembro do ano passado, contra 11,5% no fechamento de 2020, quando caiu por conta dos efeitos da pandemia. As informações foram divulgadas pelo Banco Central nesta terça-feira (9) por meio do Relatório de Estabilidade Financeira do primeiro semestre. Em meados do ano passado, a rentabilidade dos bancos já havia retornado ao patamar pré-pandemia. Enquanto isso, o Brasil bate recorde em número de endividados devido à elevação da taxa de juro

O aumento da rentabilidade dos bancos foi registrado em um ano de crescimento dos empréstimos bancários e de alta na taxa básica de juros pelo Banco Central, na tentativa de conter as pressões inflacionárias. A taxa Selic avançou de 2% ao ano, em janeiro de 2021, para 9,25% ao ano no fechamento do ano passado.

O juro bancário médio de pessoas físicas e empresas, por sua vez, registrou em 2021 a maior alta em 6 anos, ao atingir 33,9% ao ano. Essa taxa não considera os setores habitacional, rural e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

De acordo com o relatório do BC, o lucro líquido dos bancos somou R$ 132 bilhões e bateu novo recorde no ano passado. A série histórica do Banco Central para este indicador começa em 1994.

De acordo com o Banco Central, o crescimento da taxa de juros e a redução das despesas com provisões (recursos que ficam apartados para fazer frente a eventuais perdas), além de ganhos de eficiência, explicam a melhora dos resultados.

“A rentabilidade do sistema deve se manter resiliente, mas os lucros tendem a crescer em ritmo mais lento. O cenário para 2022 é de atividade econômica mais fraca, menor crescimento do crédito, normalização da inadimplência de custo de captação e operacional mais altos”, avaliou o BC.

O Banco Central também avaliou que suas análises indicam que “não há risco relevante para a estabilidade financeira” no Brasil. “Testes de estresse de capital demonstram que o sistema bancário está preparado para enfrentar todos os choques macroeconômicos simulados. O sistema financeiro nacional mantém provisões adequadas ao nível de perdas esperadas com crédito, e capitalização e liquidez confortáveis”, acrescentou.

Aumento da rentabilidade dos bancos mostra que apenas uma parcela do País está ganhando com a combinação de juros elevados, alta inflação, elevado desemprego e péssima situação do poder de compra da população

rentabilidade dos bancos, novas dívidas, milhões de endividados, dívida

Crédito: Envato

O economista do ICL André Campedelli explica que a elevada rentabilidade do setor bancário mostra que cada vez mais o Brasil é o “paraíso do rentismo”. Para ele, em uma situação em que todos os setores da economia estão bem, é natural imaginar que o setor bancário também esteja na mesma tendência. “Mas, em um momento em que a economia passa por diversas dificuldades, isso mostra que apenas uma parcela do país está ganhando com a combinação de juros elevados, alta inflação, elevado desemprego e péssima situação do poder de compra da população”, afirma o economista.

Segundo o BC, o desempenho dos bancos está em linha com a recuperação do Produto Interno Bruto (PIB), que, no último trimestre de 2021, situava-se acima do nível pré-pandemia. “O sistema bancário mantém-se sólido e apto a sustentar o regular funcionamento da economia”, acrescentou a instituição.

Para o Banco Central, a queda na capacidade de pagamentos por parte das empresas e pessoas físicas não representa um risco à estabilidade financeira pois a grande maioria dos bancos está bem capitalizada.

O fato é que a dívida do brasileiro fica maior com o aumento da taxa Selic. A alta taxa de juro básica só favorece o capital especulativo, principalmente neste momento de turbulência internacional.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

Deixe um comentário

Mais Lidas

Assine nossa newsletter
Receba nossos informativos diretamente em seu e-mail