Sem anistia, ainda que sejam velhinhas com a Bíblia na mão que participaram dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e cometeram os crimes de dano qualificado, deterioração de patrimônio público tombado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, associação criminosa e outras delinquências em nome de Jesus.
Os proponentes do PL da Anistia querem fazer crer que atuam por elas, as velhinhas sem noção. Tiraram do foco os generais e o núcleo duro do bolsonarismo que forjaram o golpe e colocaram estrategicamente na vanguarda das linhas revolucionárias de combate as meigas e consagradas velhinhas de Bíblia na mão, assim como dissimularam, explorando a imagem da cabeleireira que teve a ideia de maquiar a estátua no STF com batom, pasmem, vermelho.
Parece uma cena cinematográfica. Criminosos acuados e cercados por forças policiais colocam os reféns na frente e assim negociam, usando vidas inocentes como escudo. A dramaticidade aumenta quando os reféns são frágeis, crianças, gestantes, deficientes físicos e idosos. O final feliz depende do negociador habilidoso que entra em cena para preservar as vidas dos reféns e consegue também alcançar e penalizar os criminosos.
Sem anistia para os golpistas, ainda que tentem utilizar o sensacionalismo das vózinhas de oração que pensavam estar exorcizando os prédios dos Três Poderes. Balela, jogo de cena, conversa fiada dos vândalos que planejaram e executaram a tentativa de golpe.
No caso dos pastores signatários do pedido para votar urgência do projeto de anistia do 8/1, protocolado nesta segunda-feira (14) no sistema da Câmara dos Deputados, fazem das suas ovelhas reféns. Os pastores estão colocando velhinhas com a Bíblia na mão na frente, usando como escudo, para esconder os artífices do golpe.
Alguns dos signatários do PL da Anistia que são pastores: Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Marco Feliciano (PL-SP), Pastor Eurico (PL/PE), José Olimpio (PL/SP), Pastor Diniz (UNIÃO/RR), Jefferson Campos (PL/SP), Otoni de Paula (MDB/RJ), Vinicius Carvalho (REPUBLICANOS/SP), Lincoln Portela (PL/MG), Silas Câmara (REPUBLICANOS/AM), David Soares (UNIÃO/SP), Cezinha de Madureira (PSD/SP), Marcelo Crivella (REPUBLICANOS/RJ), Pastor Gil (PL/MA), Pastor Sargento Isidório (AVANTE/BA) e Márcio Marinho (REPUBLICANOS/BA).
Provavelmente, na lista de 262 signatários do requerimento de urgência do PL da Anistia há outros pastores, mas os citados são bem representativos do manejo de ovelhas como moeda de troca política. A instrumentalização da igreja como comitê, célula, aparelho político do bolsonarismo contra as instituições democráticas, é repugnante.
Jesus distingue o bom pastor do mercenário. “O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância. Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas. Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas” (João 10.10-13).
Para os pastores proponentes do requerimento de urgência do PL da Anistia, as ovelhas, na figura de velhinhas com a Bíblia na mão, servem de escudos para os militares de alta patente e o núcleo duro do bolsonarismo que forjou a tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Mercenários!
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