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Risco de afundamento em Maceió faz Braskem cancelar participação na COP28

Em presa quis evitar que "o assunto sobrepujasse quaisquer outras discussões técnicas, dificultando eventuais contribuições que a empresa pudesse oferecer"
05/12/2023 | 06h06

A Braskem anunciou ontem o cancelamento da participação na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Em nota, a petroquímica explica que o cancelamento se deve a crise que enfrenta em Maceió (AL), onde pelo menos uma mina para extração de sal-gema da empresa ameaça desabar a qualquer momento, afetando milhares de moradores.

“Nos últimos dias, diante do agravamento da crise de Maceió, [a Braskem] achou melhor cancelar sua participação em alguns painéis para evitar que o assunto sobrepujasse quaisquer outras discussões técnicas, dificultando eventuais contribuições que a empresa pudesse oferecer”, disse a companhia no texto.

Ainda de acordo com o comunicado, a Braskem “está acompanhando a COP e todas as discussões sobre mudanças climáticas, uma vez que tem metas de redução de emissões de gases de efeito estufa e de crescimento com produtos mais sustentáveis, entre eles bioprodutos e produtos com conteúdo reciclado”.

A agenda inicial da Braskem na COP previa a participação de diretores da petroquímica em dois painéis, entre os dias 8 e 11 de dezembro. O principal painel discutiria o papel da indústria frente aos impactos das mudanças climáticas.

À Reuters a empresa afirmou que cancelou a presença em todos os painéis de que participaria.

As minas da Braskem em Maceió são cavernas abertas pela extração de sal-gema durante décadas de mineração na região. Essas cavernas estavam sendo fechadas desde 2019, quando o Serviço Geológico do Brasil (SGB) confirmou que a atividade realizada havia provocado o fenômeno de afundamento do solo na região, o que obrigou a interdição de uma série de bairros da capital alagoana.

O caso tornou-se conhecido após um tremor de terra sentido por moradores de alguns bairros em março de 2018. Em julho deste ano, a prefeitura da cidade fechou um acordo com a empresa assegurando ao município uma indenização de R$ 1,7 bilhão em razão do afundamento dos bairros. Segundo a administração municipal, os recursos serão destinados à realização de obras estruturantes na cidade e à criação do Fundo de Amparo aos Moradores (FAM).

O acordo, no entanto, tem sido duramente criticado pelos moradores e por políticos alagoanos, como o governador Paulo Dantas (MDB) e o senador Renan Calheiros (MDB-AL).

“Não dá para chamar de acordo. Foi uma anistia mesmo porque deu quitação plena à Prefeitura e entregou terrenos dos bairros afetados com ruas, praças e logradouros, para que a Braskem possa usar inclusive no mercado imobiliário. E ainda estabeleceu uma regra criminosa dizendo que nenhum prefeito que venha a ser eleito possa reabrir qualquer questão, reivindicar qualquer direito, de quem quer que seja, junto à Braskem”, afirmou Renan ao ICL Notícias.

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