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Fórum Econômico de Davos alerta para alto risco inflacionário global

Elite econômica mundial acredita que América Latina é a região do mundo que mais irá sofrer com a disparada de preços em 2022
24/05/2022 | 14h23

A preocupação com a turbulência na economia global provocada pela guerra na Ucrânia, pelo temor de menor crescimento na China e pela crise energética está em um relatório assinado por um grupo de 47 nomes destacados em grandes bancos e multinacionais filiados ao Fórum Econômico de Davos e distribuído nesta segunda-feira (23).

“Estamos à beira de um círculo vicioso que pode afetar as sociedades durante anos”, escreve Saadia Zahidi, diretora-gerente do Fórum, no relatório. “Os líderes enfrentam escolhas difíceis e barganhas domésticas no que tange a inflação, dívida e investimento”, escreveu Zahidi.

“É esperado que o efeito da guerra seja mais forte em óleo e gás neste ano, enquanto os preços de alimentos poderão ser pressionados por mais tempo”. O relatório nota, ainda, que há pressões domésticas que têm mudado a expectativa de pressão de alta transitória para um fenômeno de longo prazo em vários países.

O documento traz pesquisa feita com 24 economistas-chefes dos maiores bancos e multinacionais do planeta e indica que 93% veem risco alto ou muito alto (17% sendo “muito alto”) para inflação na Europa. O crescimento inflacionário também assombra a África Subsaariana (77% veem alto risco) e o Oriente Médio e norte da África (75%). No caso dos EUA, 96% veem alto ou muito alto risco, sendo 38% os que apontam para “muito alto”.

Para participantes do Fórum Econômico de Davos, América Latina sofrerá mais com preços altos

A elite econômica mundial, que assina o relatório entregue no Fórum Econômico de Davos, acredita que a América Latina é a região do mundo que mais irá sofrer com a disparada de preços em 2022. Pela pesquisa, 86% do colegiado aponta que há alto risco de inflação neste ano, sendo que os que projetam risco “muito alto” são 47%, o maior índice de todas as regiões.

No painel sobre América Latina no Fórum Econômico de Davos, que debateu a situação da região, foi destacada a dependência econômica do continente pelos mercados internacionais devido às exportações de commodities e importações de tecnologia e manufaturas.

Necessidade de afrouxamento fiscal

Há ainda uma discussão entre os economistas que participam do Fórum para conter a inflação com a adoção de políticas monetárias mais austeras (juros maiores), mas também a necessidade de algum afrouxamento fiscal. Além disso, eles recomendam uma atenção especial ao setor de energia e medidas para mitigar a crise climática. Há ainda uma preocupação com a insegurança alimentar no caso dos países mais pobres.

Pela pesquisa, quase 9 em cada 10 entrevistados afirmam que será necessário subsidiar alimentos – cujos preços estão mais pressionados – em economias de baixa renda. No caso dos países mais ricos, seria necessário subsídio de energia, segundo a enquete.

Com a pandemia e a guerra, os especialistas presentes em Davos também demonstraram um certo pessimismo quanto ao andamento da globalização nos próximos três anos e preveem maior politização das cadeias de produção, com tendência à nacionalização —leia-se maior protecionismo.

A maior parte dos especialistas espera maior fragmentação das cadeias de bens (79%), tecnologia (65%) e no mercado de trabalho (54%). Apenas no setor de serviços, a expectativa de desintegração, embora predominante, não é majoritária (46%, sendo que 39% esperam estabilidade).

Os economistas ainda dão como certo que os salários não vão acompanhar os preços e haverá perda real da renda entre os países mais pobres. Entre os ouvidos, 71% concordam que a média de renda vai cair e 19% disseram que concordam fortemente com a expectativa de queda da renda.

A 51ª edição do Fórum Econômico Mundial teve início no domingo (22), na cidade de Davos, na Suíça. O evento, que voltou a ser presencial, reúne cerca de 250 convidados entre líderes de países, ministros, banqueiros centrais e representantes do setor privado, que discutem a situação atual da economia global e como lidar com seus desafios. O Brasil está representado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. 

Redação ICL Economia
Com informações das agências

 

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