Para acompanhar o marido à Argentina, a deputada federal Rosângela Moro (União-SP) apresentou informações falsas em relatório de viagem entregue à mesa diretora da Câmara dos Deputados. É o que afirma reportagem de Vinicius Segalla, no site Diário do Centro do Mundo (DCM). Segundo a publicação, a esposa do ex-juiz federal e senador Sergio Moro (União-PR) alegou ter ido palestrar em um evento do qual, na verdade, não participou. Os custos da viagem foram pagos com dinheiro público.
Segundo o DCM, a viagem a Buenos Aires, capital da Argentina, ocorreu em setembro do ano passado. No mês seguinte, Rosângela Moro apresentou o relatório à Câmara. Na ocasião, o ex-juiz da Lava Jato participava de um encontro de políticos de direita da América Latina, protagonizado pelo ex-presidente argentino Mauricio Macri (2015-2019).
A Câmara dos Deputados tem uma norma que regulamenta as viagens em missões oficiais dos membros da Casa. A regra estabelece que o deputado que viaja em missão oficial tem as despesas pagas pela Câmara. Alegando ser uma missão oficial, o DCM afirma que Rosângela Moro entregou à Câmara um pedido de custeio da ida a Buenos Aires.
Na versão da deputada, ela participou do mesmo fórum que Sergio Moro. Rosângela justificou ter ido como representante da Câmara e pediu a data da passagem de volta para o dia 24 de outubro, um mês após o término do evento. No entanto, segundo a reportagem, na realidade a deputada não era uma das participantes do evento.
O evento
O compromisso, diz a publicação, era de Moro. O “II Encontro do Grupo Liberdade e Democracia” foi um ciclo de palestras promovido pelos grupos de direita “Fundación Libertad” e “Libertad y Democracia”. Ao contrário de Moro, a deputada federal não foi uma das oradoras, diz o DCM. A lista de participantes, obtida pela reportagem, não tem o nome da parlamentar.
O senador Sergio Moro participou da mesa sobre “Combate ao crime organizado e fortalecimento da segurança do cidadão”, na tarde do dia 22 de setembro. Ao discursar, Moro chegou a dizer que toda a delegação brasileira foi convidada por ele.
“Quero fazer um cumprimento especial à delegação brasileira. Na última vez, eu vim sozinho, mas desta vez consegui trazer, chamei, convidei, temos aqui o senador Girão, a senadora Tereza Cristina, que foi a melhor ministra da Agricultura que tivemos na história. Cumprimento também ao governador Ronaldo Caiado, que tem se empenhado no enfrentamento da Segurança Pública”, disse o senador.
Possíveis sanções e outros casos
O DCM detalha que um deputado apresentar informações falsas a um órgão oficial para, supostamente, obter vantagens econômicas indevidas pode gerar um processo de cassação de mandato por quebra de decoro. Também configura, em tese, ato de improbidade administrativa.
A publicação também lembra que não é a primeira vez que alguém ligado a Sergio Moro tem viagem custeada pelos cofres públicos. Em maio do ano passado, o estudante de Direito Lucas Dorini Sabbato, que era assessor parlamentar do senador, foi exonerado do cargo no gabinete do parlamentar, por meio do qual recebia R$ 29,5 mil por mês. O caso também foi revelado pelo DCM.
O desligamento ocorreu depois que o ex-juiz de Curitiba levou o ex-assessor como acompanhante a uma viagem “a passeio” a Maringá (PR). Tudo bancado com dinheiro público. A saída de Sabbato consta que a exoneração foi “a pedido”, ou seja, ele mesmo teria solicitado ser desligado.
Relacionados
Milei anuncia proibição de tratamentos para transição de gênero em menores de idade
Medida segue ação anunciada pelo governo dos EUA
Milei segue passos de Trump e confirma que vai retirar a Argentina da OMS
Porta-voz do presidente diz que país não aceita que organismo internacional intervenha na soberania e critica combate à Covid
Alemanha e Argentina fizeram manifestações contra o fascismo no fim de semana
Protestos contra políticas anti-imigração e antidiversidade reuniram milhares de pessoas em Berlim e Buenos Aires