(Folhapress) — As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul ao longo dessa semana deixaram, além de 83 mortes confirmadas neste domingo (5), centenas de milhares de pessoas sem serviços básicos.
Segundo a última atualização da Defesa Civil, um total de 839 mil imóveis estavam sem abastecimento de água em todo o estado.
Esse número, equivalente a 27% dos imóveis atendidos pela empresa Corsan, já é menor do que o total de domicílios que chegaram a ficar desabastecidos durante o fim de semana, segundo os boletins da Defesa Civil. Na noite de sábado, mais de um milhão de domicílios chegaram a ficar sem água.
Além disso, na manhã deste sábado havia 421 mil imóveis sem energia elétrica. Segundo a distribuidora de energia RGE Sul, responsável por 264 mil endereços que estão sem energia elétrica, 8,5% de seus clientes foram afetados.
Já a CEEE Equatorial, que responde por 157 mil pontos sem energia elétrica, informou que 8,7% dos domicílios que atende foram afetados.
De acordo com a Defesa Civil, 341 municípios foram afetados pela enchente histórica, o que corresponde a mais da metade dos municípios gaúchos. São 707.190 pessoas afetadas pela tragédia.
As aulas foram suspensas nas 2.338 escolas da rede estadual e quase 200 mil alunos foram impactados. Um total de 250 escolas tiveram sua estrutura danificada pelas consequências da chuva.
O governo estadual informou que, na tarde deste domingo, divulgaria a orientação para o retorno às aulas para a rede estadual.
Imóveis são evacuados por risco em barragens
Em todo o estado, os temporais também provocaram danos e alterações no tráfego nas rodovias estaduais gaúchas. Segundo a última atualização, neste domingo, eram 113 trechos em 61 delas, com bloqueios totais e parciais, entre estradas e pontes. Sete rodovias com bloqueios foram liberadas ao longo do sábado.
Na noite de sábado, o governo gaúcho informou que duas barragens estavam em situação de emergência, com risco iminente de romperem. Uma delas é a usina hidrelétrica 14 de Julho, entre os municípios de Cotiporã e Bento Gonçalves, que teve um rompimento parcial na última sexta-feira (3). Além disso, a barragem de São Miguel, também em Bento Gonçalves, estava em situação semelhante.
Outras cinco barragens no estado estavam em nível de alerta, que ocorre quando “as anomalias representam risco à segurança da barragem, exigindo providências para manutenção das condições de segurança”.
As chuvas que devastaram cidades do Rio Grande do Sul também chegaram a Santa Catarina e ao Paraná, causando outras três mortes.
A Defesa Civil gaúcha emitiu um alerta para a elevação do nível do rio Guaíba, afetado pelas fortes chuvas da última semana. A orientação é para quem mora em áreas mais baixas buscar abrigo em locais seguros.
Madrugada teve chuva e rotina intensa de resgates
A chuva voltou a cair na Grande Porto Alegre e em municípios da região norte do estado durante a madrugada deste domingo. Em Canoas, na região metropolitana, populares realizaram um cordão humano dentro da água para auxiliar as embarcações que a todo momento chegavam com pessoas resgatadas das áreas inundadas.
Na noite de sábado, o governador Eduardo Leite (PSDB) afirmou que a região vai precisar de uma espécie de “Plano Marshall”, em referência ao plano dos Estados Unidos para reconstrução de países aliados após a Segunda Guerra Mundial.
Leite afirmou que a chegada de reforços será importante para as demais frentes de atuação, como o reconhecimento de corpos e a reconstrução de estadas. A prioridade neste momento, porém, é o resgate das vítimas.
“Tudo o que é possível empregar está sendo empregado. Vai chegar mais gente. Não porque não tenham chegado antes porque não quisessem, mas porque essa mobilização leva um tempo”, disse ao ser questionado sobre a ajuda do governo federal nesse esforço.
O presidente Lula (PT) voltou ao estado neste domingo (5) para acompanhar de perto a crise e afirmou que vai destravar obstáculos da burocracia para garantir o socorro ao Rio Grande do Sul e prometeu ações de longo prazo, com a criação de um “plano de prevenção de acidente climático”.
O plano de prevenção, disse Lula, deverá ser desenvolvido pela ministra Marina Silva (Meio Ambiente).
Lula desembarcou na base aérea de Canoas (20 km de Porto Alegre) na manhã deste domingo acompanhado de uma comitiva de ministros e sobrevoou municípios da região metropolitana para ver o impacto das enchentes que já afetaram 332 municípios.
Acompanharam o presidente no sobrevoo o governador do estado, Eduardo Leite (PSDB), e os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
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