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Por Vítor d’Avila — Tempo Real

Uma sentença judicial de R$ 18,5 milhões pode interromper as operações da Sala Cecília Meireles, na Lapa, um dos principais equipamentos culturais do Rio de Janeiro. A empresa que realizou uma reforma no espaço, concluída em 2014, cobra valores que ainda não teriam sido pagos pela Associação dos Amigos da Sala Cecília Meireles e pelo governo estadual.

Em junho deste ano, a juíza Regina Lucia Chuquer de Almeida Costa de Castro Lima, da 6ª Vara de Fazenda Pública, condenou a associação e o estado do Rio de Janeiro ao pagamento de R$ 3,8 milhões corrigidos monetariamente à Dimensional Engenharia. No entanto, a empresa recorreu e, em outubro, o valor subiu para R$ 15,3 milhões referentes aos serviços mais R$ 3,2 milhões em encargos.

De acordo com o relato da empresa à Justiça, apesar da execução dos serviços ter ocorrido de forma regular, de acordo com a previsão contratual, sofreu severos prejuízos pela falta de pagamento dos aditivos. A magistrada concordou com a argumentação e condenou a associação e o estado a pagarem os montantes.

“Nessas circunstâncias, considerando a regular prestação dos serviços para os quais foi contratada, deve a ré efetuar o pagamento correspondente, sob pena de enriquecimento ilícito da administração”, escreveu a juíza.

Trecho da sentença. (Foto: Reprodução)

Sentença pode inviabilizar equipamento cultural

A sentença caiu como uma bomba na associação. De acordo com a entidade, isto pode inviabilizar a continuidade das operações da Sala Cecília Meireles. Dessa forma, pediu intervenção do governo para tentar uma negociação amigável extrajudicial com a empresa, já que o estado é proprietário do espaço e réu na ação.

A intenção da associação é que as partes cheguem a um acordo para que seja feito o pagamento de modo a conseguir que a Dimensional retire a ação na Justiça. O site Tempo Real perguntou ao governo estadual sobre o caso, mas, até o fechamento do texto, não havia sido encaminhada resposta.

Espaço homenageia poeta Cecília Meireles

A sala reabriu em maio, após quatro meses de reparo. O espaço passou por melhorias no piso, impermeabilização, reparos no sistema de ar-condicionado, nova pintura na fachada e até a instalação de um teto solar, promovendo maior conforto aos espectadores. A sala, especializada em apresentações de música erudita, é um dos espaços culturais mais importantes da cidade.

A sala foi inaugurada em 1965 e remete ao final do século 19 quando o espaço abrigava o Armazém Romão, uma das mais famosas confeitarias da época. Foi sede de um hotel e de um cinema até se tornar a sala de concertos, que carrega o nome e o legado da poeta Cecilia Meireles, também pianista amadora.

 

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