A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) pretende denunciar ao Conselho de Ética da Câmara a deputada Coronel Fernanda (PL-MT) por ter feito menção ao assassinato de seu irmão, o médico Diego Bomfim, em uma discussão sobre tráfico de drogas. “Além disso, estou estudando adotar medidas judiciais”, disse Sâmia ao ICL Notícias.
A discussão aconteceu na tarde desta terça-feira (4), durante sessão na Comissão de Constituição de Justiça sobre a PEC que criminaliza a posse ou o porte de qualquer quantidade de droga.
A deputada do PSOL pediu a retirada do projeto de pauta e defendeu que o tema deveria ser tratado como assunto de saúde e não de polícia. Durante sua fala, Sâmia criticou o deputado Ricardo Salles (PL-SP), que é réu por exportação ilegal de madeira: “Muito me espanta esse relatório ser feito por um traficante de madeira querendo criminalizar o usuário”.
Em resposta, Coronel Fernanda pediu à presidente da comissão que retirasse da ata da reunião a crítica a seu correligionário. Foi então que ela fez menção ao assassinato do irmão da Psolista, morto com vários tiros em um quiosque da Barra da Tijuca, no Rio, ao ser confundido com um miliciano.
“Eu acho que a gente tem que discutir o assunto e não ofender as pessoas. Se ela está tratando com traficante, ela tem que conversar com o pessoal lá do morro do Rio, que cometeu crime gravíssimo e ela sabe qual que eu tô falando. Respeito é bom e a gente gosta”, disse Coronel Fernanda.
Emocionada, Sâmia respondeu que uma pessoa tem que ter “moral de lixo” para usar o caso de seu irmão em uma discussão sobre a descriminalização das drogas. Ela destacou que a PEC favorece o crime organizado e que o Comando Vermelho seria o principal beneficiário.
“Lave a sua boca para falar do meu irmão, tenha respeito pelo luto da minha família e responda a sociedade por ajudar a alimentar o crime organizado, que traz dor para tantas famílias brasileiras como a minha”, rebateu a parlamentar do PSOL.
Coronel Fernanda alegou que sua intenção não foi atacar Sâmia pessoalmente, mas dizer que nenhuma família merece chorar pelo uso e tráfico de drogas.
“Usar da morte de um familiar dessa forma foi a primeira vez que vi”, disse Sâmia ao ICL Notícias. “Foi uma sujeirada. A deputada havia se solidarizado pessoalmente comigo pelo que aconteceu… Hoje mostrou que não passou de encenação e sadismo. Foi um ataque desumano, gratuito, que só explicita o poço de ódio que é o bolsonarismo”.
Ela recebeu solidariedade de alguns deputados e deputadas da esquerda.
Quem é a deputada Coronel Fernanda
Originária dos quadros da PM de Mato Grosso, a deputada Coronel Fernanda é uma bolsonarista fanática, cuja grande marca na Câmara foi sugerir um projeto de lei, o de número 446/2023, que altera o parágrafo 1° do artigo 20 da Lei n.° 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou cor.
O texto faz uma alteração total no dispositivo da lei desqualificando o nazismo como crime, levando-se em conta que a mudança do parágrafo 1° que ela propõe criminaliza a “foice e o martelo”, sem fazer qualquer citação aos símbolos nazistas como a cruz suástica ou gamada, dentre outros.
Ou seja, ela suprime totalmente a referência ao nazismo contida na lei.
Outra proposta da Coronel Fernanda é alterar o parágrafo único do artigo 2º, com o objetivo de vedar a criação de partidos comunistas/socialistas.
Dentre as justificativas, a parlamentar repete uma das falsificações históricas mais citadas pela extrema direita: “A história revela que o comunismo/socialismo matou mais de 100 (cem) milhões de pessoas no mundo”.
Além disso, a deputada é acusada de ter organizado caravana de ônibus para o ato golpista de 8 de janeiro, e por isso está sendo investigada pela Polícia Federal.
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