Sim, a coluna de hoje é sobre o Chorão. Vou contar como conheci e me relacionei com um dos maiores ícones do rock nacional, graças ao skate e à amizade. Eu explico!
Talvez vocês não saibam, mas sou especialista em esportes de ação. Trabalhei 16 anos na ESPN cobrindo os principais eventos dos esportes chamados “radicais”, entre eles o skate. Chorão era skatista, foi quem levou o “carrinho” para os palcos.
O ano era 2000, e lá estava eu e a turma da ESPN na área VIP do VMB (MTV Vídeo Music Brasil 2000) – o prédio da MTV era vizinho à ESPN e andávamos todos juntos. Charlie Brown Jr. concorria ao prêmio de Videoclipe do Ano com “Confisco” (quem acabou levando o prêmio foi o Rappa com Minha Alma – A Paz Que Eu Não Quero).
Viro pro lado e vejo a Graziela Gonçalves, companheira do Chorão – a Grazon, musa inspiradora de músicas que a gente canta até hoje (como a do título da coluna). Mas pra mim era a Grazi, minha amiga da faculdade de comunicação. Nos formamos, em cursos diferentes, na saudosa Facos, em Santos, um celeiro de jornalistas, publicitários, artistas, comunicadores e alucinados por rock.
Voltando ao nosso encontro, eu e Grazi nos abraçamos e rimos lembrando dos tempos de facul. Chorão se aproxima e ela diz: “Ale, não te falei que era amiga da Vivian!”. “Vi, ele assiste todos os seus programas (o Superação, que passava aos sábados na ESPN) e eu sempre digo que somos amigas”! Eu congelei, porque não fazia ideia que aquele monstro do rock assistia ao meu programa. Ele me disse: “Vivi, sou seu fã!”. Para tudo pessoal. Eu respondi: “Não, não, eu que sou sua fã”!
A Grazi foi a grande responsável por esse encontro. Uma mulher extraordinária, talentosa e amiga, que caminhou ao lado dele do anonimato à fama (se quiserem saber mais dessa história recomendo a leitura do livro que ela escreveu – Se Não Eu, Quem Vai Fazer Você Feliz).
Durante mais de 10 anos, tive o prazer de gravar inúmeras reportagens com o Chorão e programas ao vivo. Nesse vídeo, por exemplo, estávamos na véspera da viagem para os X Games Los Angeles 2008 – era o tema da entrevista ao vivo com ele. Meu desafio era segurar Chorão ao meu lado para que ele não fugisse do cenário (que era em chroma key – o famoso fundo falso).
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Fui a primeira jornalista a visitar a pista de skate que ele tinha em Santos, acompanhei o projeto desde a maquete – quando tudo aquilo ainda era um sonho na cabeça do músico. Vi Chorão no palco na 1ª. edição dos X Games no Brasil, em 2008. Ele convidou nosso time da ESPN para acompanhar os bastidores da gravação do clip “Champanhe E Água Benta”. Como a gente se divertia nesses encontros.
Em 6 de março de 2013, tive que dar uma das notícias mais tristes da minha carreira naquela época, a morte do Alexandre (Chorão). Acho que o rock brasileiro nunca mais foi mesmo depois disso. Resolvi contar essa história hoje, porque, embora polêmico, Chorão foi uma voz forte da cultura do gueto, do esporte marginalizado, dos invisíveis. Eu sigo acompanhando muito de perto os esportes de ação e vejo somente no skate vozes que se posicionam em lutas importantes como a morte de tantos inocentes na guerra Israel X Palestina, a destruição da Amazônia, os quatro anos de desgoverno Bolsonaro. E também não vejo mais nada disso no rock nacional. Aliás quem aí já foi fã de Ultraje a Rigor (sic) e morre de vergonha? Eu fui, confesso. Que saudade do Chorão!
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