Por Aléxia Sousa
(Folhapress) — O governo do Amazonas decretou situação de emergência em 20 municípios nas calhas dos rios Juruá, Purus e alto Solimões, que já sofrem com a estiagem que no estado. A previsão é que a seca deste ano supere a de 2023, quando ocorreu a seca histórica.
O governador Wilson Lima (União Brasil) também decretou emergência ambiental em todo Amazonas por causa das queimadas registradas no sul do estado e região metropolitana de Manaus. Durante o período de 180 dias vai ficar proibida a prática de fogo, com o sem uso de técnicas de queima controlada.
Além disso, dois comitês foram criados para atuação nos municípios mais afetados. Um grupo composto com todos os órgãos do estado para o enfrentamento à estiagem; e outro comitê técnico científico, com especialistas que devem assessorar as equipes sobre os temas relacionados a mudanças climáticas.
Seca

Ciclo da seca em 2024 foi iniciado em junho com o princípio da vazante, que deve atingir o pico nos rios Solimões, Negro e Amazonas em outubro. Foto: Reprodução/Defesa Civil/AM
O ciclo da seca em 2024 foi iniciado em junho com o princípio da vazante, que deve atingir o pico nos rios Solimões, Negro e Amazonas em outubro. Mas o governo decidiu antecipar as ações para tentar diminuir os efeitos da seca, que pode ser recorde este ano.
As autoridades temem a repetição do que ocorreu no ano passado, em razão do menor nível dos rios para o período — a cheia não foi suficiente para a recuperação do nível médio dos rios, em razão do momento extremo vivido.
Em 2023, a seca foi extrema. Rios como o Negro, Solimões, Amazonas e Madeira atingiram suas mínimas históricas. Comunidades ficaram isoladas, sem água e acesso a comida. Roças se perderam pelo aquecimento excessivo do solo. O fenômeno das terras caídas, com a queda de barrancos e casas, se multiplicou. Ondas de fumaça invadiram cidades diversas da Amazônia ocidental.
De acordo com a Defesa Civil, os níveis dos rios em todas as calhas do Amazonas estão abaixo do esperado para o período, se comparado a anos anteriores. Em Manaus, o Rio Negro desceu 54 centímetros no mês de julho.
Com o fenômeno começando mais cedo este ano, a Defesa Civil alertou a população para que faça estoques de água, alimentos e medicamentos na intenção de enfrentar o período crítico.
Municípios da calha do Juruá já estão recebendo medicamentos e insumos para a saúde, como Guajará, Envira e Ipixuna. Nas localidades, o transporte fluvial já está sendo prejudicado devido a vazante dos rios.
A orientação da Defesa Civil é que a população se abrigue na sede dos municípios mais afetados, para que possam receber alimentos, e evitem ficar isoladas.
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Mudanças climáticas já interferem em secas e cheias na Amazônia
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