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Sem a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), começa nesta terça-feira (22), em Kazan, na Rússia, mais uma cúpula do Brics, grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Irã. O encontro ocorrerá até 24 de outubro.

Após uma queda em casa, no domingo (20), o presidente Lula não viajou para o encontro e deve participar por videoconferência,

Antes do início da cúpula, durante um fórum de negócios do Brics realizado em Moscou, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que os países do bloco são “os principais motores do crescimento econômico global”. Ele defendeu o aumento do comércio com moedas nacionais para minimizar os “riscos políticos externos”.

“O aumento dos pagamentos em moedas locais permite reduzir os pagamentos do serviço da dívida, aumentar a independência dos países membros do Brics e minimizar os riscos geopolíticos e, na medida do possível no mundo de hoje, libertar o desenvolvimento econômico da política”, disse Putin.

A fala ocorreu em reunião com a ex-presidenta Dilma Rousseff, atualmente no comando do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) do Brics. Ela também destacou que os países-membros já representam 31,5% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial.

Dilma reforça que expansão do Sul Global é prioridade na agenda do banco do Brics

Dilma destacou que a expansão dos Brics e o desenvolvimento de projetos entre os países do Sul Global são temas prioritários do Novo Banco de Desenvolvimento do Brics.

“Eu espero que possamos ter uma expansão maior dos países Brics para os países do Sul Global, e que possamos definir os novos rumos que devemos trilhar nos próximos anos”, disse Dilma.

A Rússia é alvo, desde o início da ofensiva na Ucrânia em 2022, de sanções ocidentais, em particular financeiras, e o presidente russo pede com frequência a redução da dependência da economia russa do dólar, uma moeda considerada “tóxica” por Moscou.

O estabelecimento de um sistema de pagamentos internacional permitiria competir com o Swift (Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais), do qual a maioria dos bancos russos foi excluída.

A ex-presidenta do Brasil também apoiou a ideia de aumentar o comércio em moedas nacionais durante uma reunião que contou com a presença da presidente do Banco Central Russo (BCR), Elvira Nabiulina, e do chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov.

“No momento, os países do Sul Global têm uma grande necessidade de financiamento, mas as condições para obtê-lo são muito complicadas”, reconheceu Dilma, segundo suas declarações traduzidas para o russo.

O banco dos Brics foi criado como alternativa ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial, duas instituições controladas pelos países ocidentais.

Saiba o que mais deve pautar a cúpula

Além da viabilização de moedas nacionais no comércio global, com a finalidade de se descolar do dólar, outros temas que devem pautar o encontro na Rússia são:

Fortalecimento de instituições: esta é uma das pautas principais da cúpula, com o objetivo de que essas instituições possam ser alternativas às tradicionais, como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial.

Pressão sobre o Brasil: como o Brasil tem papel de liderança importante no Brics, sua posição será essencial para que as mudanças dentro do Brics aconteçam. A propósito disso, o presidente Lula, que ocupa a presidência rotativa do G20 (grupo das 19 maiores economias do mundo, mais União Europeia e União Africana), também defende mudanças nas instituições internacionais com mais participação de países emergentes.

Entrada de novos membros: o ingresso de novos membros também será um ponto de destaque na cúpula, incluindo a Venezuela, o que pode trazer implicações políticas e econômicas complexas, segundo especialistas.

Projetos concretos: entre os desafios do grupo está a viabilização de projetos concretos, o que transmite a sensação de falta de direção e visão estratégica dentro do grupo, conforme avaliação de analistas.

Papel do NBD: embora tenha a ex-presidenta brasileira no comando, o Novo Banco de Desenvolvimento, principal ferramenta de investimento do Brics, a China detém hoje cerca de 90% dos recursos disponíveis para investimentos, totalizando aproximadamente US$ 6 bilhões por ano, uma quantia expressiva no cenário econômico.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e UOL
 

 

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