O governo do extremista Javier Milei sofreu uma derrota, nesta quinta-feira (3), no Senado da Argentina, com a rejeição de dois juízes indicados pelo presidente para a Suprema Corte do país. Essa é a primeira vez desde a redemocratização em 1983 que nomes apontados pelo presidente são descartados.
O juiz federal Ariel Lijo foi rejeitado por 43 votos contra, 27 a favor e 1 abstenção. Já o advogado Manuel García-Mansilla teve 51 votos contra e apenas 20 a favor. Os dois precisavam de dois terços dos votos da Casa para serem aprovados.
Milei nomeou os dois por decreto, em fevereiro, de maneira interina, até o fim do ano. Segundo o governo, a decisão foi tomada porque o Senado “optou pelo silêncio” diante das indicações feitas por Milei. Durante a sessão desta quinta (3), os membros do Senado criticaram a ação do presidente.

Milei nomeou os dois por decreto, em fevereiro, de maneira interina, até o fim do ano.
O nome de Ariel Lijo foi considerado amplamente controverso na Argentina. Parlamentares e autoridades questionaram a idoneidade do juiz federal Lijo, que foi acusado de conspiração, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito.
Lijo é criticado por não levar adiante 13 processos de corrupção, muitos envolvendo políticos de alto escalão. Segundo levantamento da ONG Associação Civil pela Igualdade e a Justiça (ACIJ), alguns deles estão abertos há mais de dez anos.
O que diz o governo Milei?
O governo argentino, em comunicado divulgado nas redes sociais, afirma repudiar a decisão do Senado e fala em motivos políticos para a rejeição. “Pela primeira vez na história, o Senado da Nação rejeitou indicações propostas por um Presidente, por motivos meramente políticos e não por questões de idoneidade, o que evidencia mais uma vez que a Câmara Alta é o refúgio da “casta política” no Congresso da Nação”, diz.
“Transformado em uma máquina de obstrução, o Senado não atua em favor do povo, mas tem como único objetivo impedir o futuro da Nação Argentina”, completa.
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