O berro impresso das manchetes diz tudo. Não há uma só linha sobre o candidato que apresentou algumas propostas. Ele virou quase um homem invisível.
No primeiro encontro pós-cadeirada, o deputado federal Guilherme Boulos, candidato a prefeito de São Paulo (PSOL), fez um debate de elevado nível, com propostas administrativas nas perguntas e nas respostas, sem cair nos golpes e provocações dos adversários.
Sem fugir dos temas, Boulos usou no palco da Rede TV!/UOL para detalhar seu projeto mais popular entre os eleitores: o Poupatempo da Saúde, uma ideia para zerar as intermináveis filas no atendimento da atual gestão de Ricardo Nunes (MDB).
Na visão da equipe de campanha, o candidato apoiado pelo presidente Lula fez um embate estrategicamente perfeito, com total desprezo à baixaria, pensando em governar a maior cidade da América do Sul. Ficou óbvio que conhece os dramas de SP melhor que a concorrência.
E daí?
E daí que Boulos foi ignorado pela imprensa tradicional, pela mídia alternativa e esquecido até nos posts dos eleitores da esquerda.
Justiça seja feita, embora com alguma cabotinagem deste cronista: somente no ICL Notícias 2ª edição, com Gabriela Varella e Rodrigo Vianna, observamos a boa performance do representante do PSOL. E só.
De resto, só deu Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes e Datena (PSDB) na boca dos jornalistas profissionais, inclusive daqueles — civilizadíssimos — que passam o tempo todo cobrando “alto nível” nos debates, mas lambem os beiços e se deliciam mesmo é com uma treta ou uma cadeirada.
Tabata Amaral (PSB) também tentou falar de propostas. Só foi citada na mídia, porém, no caso do ataque (baseado em boatos) dirigido por Marina Helena. Tabata, segundo a fofoca trazida pela candidata do Partido Novo, teria usado jatinhos oficiais para encontrar João Campos, prefeito do Recife e seu namorado.
Somos todos (ou quase todos) hipócritas na mídia quando criticamos a pancadaria nos debates.
Bem antes do ex-coach ter pontuação significativa nas pesquisas de opinião, repare bem, as emissoras viram o seu potencial de baderneiro — o que seria ótimo para atrair audiência e menções nas redes. Por não ter o mínimo de cinco parlamentares federais no seu partido, a regra eleitoral não obriga a sua escalação.
Daí que pouca importa se o condenado por golpes financeiros em idosos seja antidemocrático e bagunce o coreto. Vale a treta garantida nos encontros televisivos.
Somos todos hipócritas quando criticamos a falta de propostas para cuidar da cidade. Uma cadeirada, merecida ou não, vale por mil páginas de ideias administrativas. Pelo menos no que se diz respeito a ser lembrado nas manchetes quando o debate termina.
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