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Por Samuel Fernandes

(Folhapress) – A obesidade em crianças e adolescentes mais do que triplicou em todo o mundo entre 1990 e 2021, e a tendência é que esses números continuem a crescer. Estimativas de novos estudos publicados na segunda-feira (3) apontam que, até 2050, cerca de um terço dos adolescentes e crianças terão obesidade ou sobrepeso.

Isso significa que, em 25 anos, o mundo terá 746 milhões de crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade. Desse total, basicamente metade apresentará um quadro de obesidade. Norte da África, Oriente Médio e América Latina e Caribe devem ser regiões especialmente afetadas.

Entre adultos, cerca de 60% da população acima de 25 anos estará com o peso acima do ideal em 2050, algo em torno de 3,8 bilhões de pessoas.

Os números foram apresentados em dois artigos publicados na revista Lancet: um que focou dados de obesidade e sobrepeso em adultos; e uma segunda pesquisa sobre crianças e adolescentes.

Nesse segundo artigo, os autores partiram da percepção de que poucos estudos prestavam atenção ao problema da obesidade e sobrepeso em crianças e adolescentes. Segundo eles, publicações anteriores não traziam dados específicos para essas faixas etárias e faltavam informações de países e regiões.

Os dois artigos foram baseados na metodologia do Global Burden of Diseases (GBD), que compila dados de saúde global estratificados por regiões e faixas etárias. A partir do modelo do GBD e de dados de cerca de 1.300 fontes biográficas, os autores estimaram a prevalência de obesidade e sobrepeso em crianças, adolescentes e adultos entre 1990 e 2021 em 204 países e extrapolaram esses valores com previsões para até 2050.

O sobrepeso é quando o IMC (Índice de Massa Corporal) está acima de 25 kg/m2. Quando supera a faixa de 30 kg/m2, considera-se um quadro de obesidade.

Até 2021, África e Oriente Médio eram as duas regiões que apresentaram maior prevalência de crianças e adolescentes acima do peso ideal. Por outro lado, foi o sudeste e leste da Ásia, além da Oceania, que performaram o maior aumento de prevalência entre 1990 e 2021.

Obesidade na América Latina

A América Latina teve uma desaceleração no número de crianças e adolescentes com essas condições por volta de 2021. Antes disso, no entanto, a região também foi um importante vetor para os altos índices globais de obesidade e sobrepeso em jovens, sendo o Brasil e outros países tropicais especialmente importantes para impulsionar tal aumento.

Entre a população com mais de 25 anos, os dados foram igualmente alarmantes. De 1990 a 2021, estima-se que 1 bilhão de homens tenham apresentado o quadro, enquanto entre mulheres essa taxa foi de 1,1 bilhão.

Desse total, oito países contemplavam mais da metade de toda essa população adulta acima do peso ideal. O Brasil figurou na quarta posição, com 88 milhões de adultos com obesidade ou sobrepeso, abaixo apenas da China, com 402 milhões, Índia, com 180 milhões, e Estados Unidos, com 172 milhões.

Para o futuro, o índice de sobrepeso entre crianças e adolescentes deve entrar em um platô. Mas isso deve acontecer não por uma queda no IMC médio na faixa etária, mas sim devido à transição daqueles com sobrepeso para obesidade. No total, a obesidade deve mais que dobrar entre esses jovens ao redor do mundo entre 2021 e 2050.

“Não há indicação de qualquer platô na prevalência da obesidade, que não deve se estabilizar em nenhuma região antes de 2050”, escreveram os autores no estudo.

Os dados alertam para a necessidade de que sejam tomadas medidas para barrar o aumento vertiginoso da obesidade e sobrepeso.

Os autores apontam que medidas individuais, como melhora na alimentação e prática de exercícios físicos, são relevantes. O desenvolvimento de políticas públicas para proporcionar um ambiente adequado para a manutenção do peso da população, contudo, é especialmente importante. Mas não existem fórmulas prontas, lembram os pesquisadores, cada população e região guardam suas particularidades que precisam ser consideradas no planejamento das ações públicas.

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