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Tiro que matou pataxó partiu da arma de filho de fazendeiro, conclui perícia

Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó, foi morta na cidade de Potiraguá, no último domingo
24/01/2024 | 15h59

Peritos da Polícia Civil da Bahia atestaram que o projétil que atingiu e matou Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó, na cidade de Potiraguá, no sul do estado, no último domingo (21), partiu da arma de um jovem de 19 anos, filho de um fazendeiro da região. Ele e um policial militar reformado foram presos em flagrante.

De acordo com a Agência Brasil, o diretor-regional da Polícia Civil, delegado Roberto Júnior, afirmou que o laudo de microcomparação balística foi entregue ontem e anexado ao inquérito que a corporação instaurou para apurar o caso. Por questão de competência de atribuições, o documento será encaminhado à Polícia Federal (PF), responsável por reprimir e prevenir crimes cometidos contra comunidades indígenas.

“Ao realizarmos a vistoria nas armas de fogo apreendidas, ficou evidente que as armas tinham sido disparadas. Imediatamente, requisitamos perícias de local de crime, bem como a microcomparação balística do projétil extraído do corpo da vítima, para que fosse confrontada com as duas armas apreendidas”, explicou o delegado.

Conforme inicialmente apurado, cerca de 200 pessoas, a maioria fazendeiros da região, se mobilizaram após uma convocação para que ruralistas e comerciantes retomassem, por meio da força, e sem decisão judicial, a posse da Fazenda Inhuma, ocupada por indígenas no sábado passado (20).

De acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), ainda era madrugada quando os agressores — membros de um grupo autointitulado Invasão Zero — cercaram a área ocupada, surpreendendo as vítimas.

No ataque, o irmão de Maria de Fátima, o cacique Nailton Muniz Pataxó, também foi atingido por um disparo de arma de fogo e teve que ser submetido a uma cirurgia no Hospital Cristo Redentor, em Itapetinga (BA).

Outros indígenas foram feridos, incluindo uma mulher, espancada, que teve um dos braços quebrados. Um não indígena foi flechado em um dos braços.

A Polícia Militar deteve dois homens que participaram do ataque contra os indígenas. Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, os dois suspeitos faziam parte do grupo Invasão Zero e portavam dois revólveres, carregadores e munições. Os nomes não foram divulgados.

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