Uma equipe de construção reformava um campo de futebol no bairro de Simmering, em Viena, quando encontraram uma impressionante vala comum. No local, arqueólogos identificaram os restos mortais de 129 indivíduos, todos homens, a maioria com idades entre 20 e 30 anos. Os especialistas acreditam que os corpos pertenciam a guerreiros que participaram de um conflito militar no século I, durante o Império Romano.
A descoberta foi apresentada nesta quarta-feira (2) por pesquisadores do Museu de Viena, que a classificaram como um marco na história da região. Segundo os especialistas, a disposição dos corpos indica um descarte rápido, já que soldados romanos costumavam ser cremados até o século III.
“No contexto das guerras romanas, não há achados comparáveis de combatentes”, disse Michaela Binder, que liderou a escavação arqueológica. “Há enormes campos de batalha na Alemanha onde armas foram encontradas. Mas encontrar os mortos, isso é único para toda a história romana.”

Homem trabalhando minuciosamente na escavação dos restos mortais. (Foto: Reiner Riedler, Museu de Viena via AP)
Vestígios de um combate violento
A análise dos esqueletos revelou sinais claros de ferimentos de batalha, como cortes provocados por espadas e lanças, além de traumas causados por impactos contundentes. “Isso não se trata de uma execução, e sim de um campo de batalha”, afirmou Kristina Adler-Wölfl, chefe do departamento arqueológico de Viena.
A escavação também encontrou armaduras, protetores de capacete e pregos das sandálias militares romanas, conhecidas como caligae. Uma das pistas mais importantes veio de uma adaga enferrujada, que sugere que os combatentes morreram entre os anos 80 e 130 d.C.
Embora apenas um dos indivíduos tenha sido confirmado como soldado romano até agora, novas análises de DNA e isótopos devem esclarecer a identidade das vítimas e seu papel no conflito.
Conexão com a história de Viena
Os arqueólogos acreditam que a vala comum esteja relacionada às campanhas militares do imperador Domiciano contra tribos germânicas entre 86 e 96 d.C. Além disso, a descoberta oferece novas evidências sobre os primeiros assentamentos que dariam origem à Viena moderna.
Com mais de 150 vítimas estimadas, esta é uma das maiores descobertas arqueológicas da Europa Central relacionadas ao Império Romano. “Nunca encontramos algo assim antes”, destacou Michaela Binder, líder da escavação.