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O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo restringiu o acesso a documentos da ação movida por Guilherme Boulos contra o governador Tarcísio de Freitas, o prefeito Ricardo Nunes e o vice-prefeito eleito, Mello Araújo. A restrição do acesso ocorre após o jornalista Fernando Molica, do site Correio da Manhã, ter revelado que a defesa de Tarcísio transcreveu com erro trecho de entrevista em que o governador cita apoio do PCC a Boulos.
Os documentos que fundamentaram a denúncia não estão mais acessíveis à consulta pública. De acordo com a reportagem, foram retirados os links que davam acesso. O TRE-SP diz não ter identificado “qualquer restrição de acesso à consulta pública do processo”, mas destaca que o conteúdo completo do processo eletrônico é restrito aos advogados, partes e membros do Ministério Público.

Tarcísio de Freitas ao lado de Tomás Covas e Ricardo Nunes no dia do segundo turno das eleições municipais de 2024 (Foto: Reprodução)
Relembre a ação de Boulos contra Tarcísio
O objeto da ação do psolista contra Tarcísio e a chapa de Ricardo Nunes à reeleição foi uma declaração feita por Tarcísio em entrevista no dia 27 de outubro, data do segundo turno das eleições municipais de 2024.
Ao comentar afirmação da candidata do PL à prefeitura de Santos sobre recomendação do PCC de voto contra ela, Tarcísio disse: “Isso aconteceu aqui também com o Ricardo (Nunes, do MDB). Disseram que era pra votar no outro (Guilherme Boulos)”. Ainda de acordo com Tarcísio, documentos de autoria do PCC que teriam sido apreendidos pela polícia determinavam o voto em Boulos. A entrevista, que foi registrada em vídeo, foi ao ar antes que se encerrasse o horário de fechamento das urnas.
A campanha do PSOL recorreu ao TRE ainda no dia 27 de outubro, argumentando que Tarcísio teria cometido abuso de poder político e de meios de comunicação. A ação de Boulos pede inelegibilidade de Tarcísio e cassação dos diplomas de Nunes e do vice-prefeito Coronel Mello Araújo.
Advogados de Tarcísio encaminharam à Justiça uma transcrição errada do trecho, em que a frase “Disseram que era pra votar no outro (Guilherme Boulos)” virou “Disseram que não era para estar votando hoje”. O governador apoiou Nunes, que foi reeleito.
Transcrição da entrevista contradiz defesa de Tarcísio
A defesa de Tarcísio também alega que bilhetes atribuídos ao PCC tinham sido publicados no dia anterior pelo portal Metrópoles e, portanto, a informação seria pública, o que descaracterizaria crime eleitoral. De acordo com a defesa, foi a reportagem que “serviu de base para o questionamento feito pelos jornalistas”.
No entanto, a transcrição da entrevista anexada pelos advogados ação contradiz essa linha de defesa, uma vez que a matéria não foi mencionada na pergunta feita a Tarcísio. Na continuação da entrevista, Tarcíso ainda responde um “salve” do PCC tinha sido interceptado por uma “ação de inteligência”. Questionado pela repórter quem era o candidato indicado, ele respondeu: “Boulos”.
Após a denúncia do erro de transcrição, revelada pela coluna Correio nos Bastidores, o advogado de Guilherme Boulos (PSOL-SP), Francisco Almeida Prado Filho pediu a correção na Justica. De acordo com a defesa, o fato é relevante.
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