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Xico Sá

Escritor e jornalista, faz parte da equipe de apresentadores do ICL Notícias. Com passagem por diversas redações e emissoras de tv, ganhou os prêmios Esso, Folha, Abril e Comunique-se. Participou de programas como Notícias MTV, Cartão Verde (Cultura), Redação Sportv, Papo de Segunda (GNT) e Amor & Sexo (Globo). É autor de Big Jato (Companhia das Letras) e A Falta (Planeta), entre outros livros. O colunista nasceu no Crato, na região do Cariri cearense, e iniciou sua trajetória profissional no Recife.

Colunistas ICL

Tropa bolsonarista usa guerra para livrar ex-presidente da prisão

Vale tudo para encobrir com o véu do esquecimento e da impunidade as danações golpistas e os atos de corrupção atribuídos ao ex-presidente
17/10/2023 | 05h00

Acusada como nunca dantes na história — sob acusação inclusive de terrorismo antes e durante o 8 de janeiro —, a tropa do capitão Bolsonaro usa e abusa da tragédia da guerra Israel/Hamas na tentativa de conseguir uma sobrevida política para o seu “mito”. Tem obtido algum sucesso na manobra.

Em fogo morto desde a notícia de delação do ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, a usina de fake new da extrema-direita também voltou a acender a sua fornalha em larguíssima produção. Foram-se os anéis, os rolexs, as joias das Arábias e outros objetos de desejos escandalosos das manchetes; voltaram os “memes” e notícias falsas dos mesmos produtores da folclórica mamadeira de piroca e do uso obrigatório do banheiro unissex nas escolas.

Fora da mira do noticiário desde o início do conflito no Oriente Médio, o ex-presidente experimenta uma trégua inédita desde a fuga para a Flórida (EUA), dias antes de terminar o mandato cargo, no final do ano passado. O alívio permitiu até que desfilasse em um evento oficial em São Paulo, onde recebeu, nesta segunda-feira (16), uma medalha da Polícia Militar oferecida pelo amigo e governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Mesmo inelegível, Bolsonaro consegue enfraquecer a cobrança pública da esquerda pela sua prisão — um temor que parece um pouco mais suave depois de um ano da derrota nas urnas para o presidente Lula.

Com o ídolo da extrema-direita fora do foco, o bolsonarismo ainda vivo nas redes sociais manipula as informações sobre as desgraças da guerra. A mesma turma que armou um caminhão-bomba para explodir o aeroporto de Brasília, na véspera do Natal de 2022, agora tenta atribuir a políticos do PT ligações fictícias com o terrorismo do grupo Hamas.

Vale tudo para encobrir com o véu do esquecimento e da impunidade as danações golpistas e os atos de corrupção atribuídos ao ex-presidente. Para quem ainda não foi sequer indiciado, como costuma alertar o jurista Lenio Streck (nosso bravo colega de ICL Notícias), Bolsonaro vai adiando de forma triunfal, à sua maneira ensaboada e manipuladora, a possível temporada no cárcere. Dá tempo de folga para receber todas as condecorações e medalhas de honra, como a comenda especial ofertada esta semana pelo governador bandeirante.

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