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UFPR caça títulos de doutores Honoris Causa de ex-presidentes da ditadura militar

Por unanimidade, Universidade Federal do Paraná revoga honraria de Castello Branco, Costa e Silva e Ernesto Geisel
02/04/2024 | 14h37

O Conselho Universitário (COUN) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) que aprovou nesta segunda-feira (1º), por unanimidade, a revogação dos títulos de Doutores Honoris Causa concedidos aos presidentes militares durante o período da ditadura — entre 1964 e 1985.

Após análise de documentos históricos, a UFPR constatou que o Conselho Universitário concedeu, em 31 de julho de 1964, o título ao ex-presidente Humberto de Alencar Castelo Branco. Em 18 de setembro de 1968 foi a vez de Artur Costa e Silva ser condecorado. Em 13 de janeiro de 1976 — com a entrega em 16 de janeiro de 1981 –, Ernesto Geisel foi o agraciado.

UFPR revogou título de Doutores "Honoris Causa" do ex-presidente da república Castelo Branco

UFPR revogou título de doutor Honoris Causa do ex-presidente Castelo Branco. (Acervo Agência Nacional)

UFPR: medida é ato de reparação

O reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, destacou a necessidade da medida, ressaltando o papel central desses presidentes na implementação de políticas repressivas e no desrespeito aos direitos humanos durante o regime autoritário.

“Revogar os títulos de doutores Honoris Causa dados aos presidentes da República da ditadura militar brasileira — que na época ditatorial eram chefes de estado e de governo, chefes supremos das Forças Armadas, articuladores e executores centrais das políticas de repressão e do terror de Estado, condutores de regimes de força que levaram adiante horrores, torturas, mortes e supressão de direitos, de liberdades e da própria democracia – parece que é medida necessária para uma instituição como a Universidade Federal do Paraná”, afirmou o reitor.

Fonseca enfatizou o compromisso da universidade com a democracia, a memória e a justiça, considerando a revogação dos títulos como um ato de honraria àqueles que sofreram sob a ditadura.

“Não pode deixar de respeitar continuamente o passado na sua real espessura e deve a cada momento se vacinar contra as ‘artimanhas da memória’ que ainda hoje atuam para distorcer, para deturpar, para desenformar”, disse.

O reitor também apontou para a importância de dar nome aos acontecimentos históricos de forma honesta, visando educar as gerações futuras sobre os valores democráticos.

“Esse é o momento de reafirmar o compromisso da universidade com o presente”, […] dar os nomes às coisas como elas são […] em memória de tantas pessoas (ou seus familiares), ainda no nosso convívio, que sofreram nas próprias vidas e nas próprias carnes e corpos as injustificáveis violências da ditadura […] Precisamos hoje sermos melhores do que fomos ontem”, completou.

“Este é o momento de reafirmar o compromisso de nossa universidade com o futuro” […] “Precisamos assegurar que as novas gerações que entram nos portões da Universidade Federal do Paraná sintam-se sempre mais e mais conectadas com os melhores valores democráticos. Precisamos ser melhores amanhã do que somos hoje, do que fomos ontem”. [trecho do relator do processo]

 

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