O bloco formado por centro-direita, centro-esquerda e liberais deverá manter a maior quantidade de assentos do Parlamento Europeu, segundo as primeiras projeções divulgadas pela própria Casa. Ou seja, apesar do avanço dos grupos de ultradireita, que devem conquistar mais espaço, eles não irão desbancar a atual maioria.
O Partido Popular Europeu (EPP, na sigla em inglês), de centro-direita, deverá conquistar 181 cadeiras, uma a menos que em 2019, mas continua sendo o maior grupo do Legislativo.
Os dados são calculados com estimativas baseadas nos votos de 11 países que já encerraram suas votações, como Alemanha, França e Espanha, e nas mais recentes pesquisas de intenção de voto de 16 países. As últimas urnas fecham às 18h (horário de Brasília) na Itália.
Em segundo lugar devem ficar os sociais-democratas (S&D), de centro-esquerda, que poderão obter 135 assentos, com 11 vagas a menos em relação a cinco anos atrás.
Em terceiro vêm os liberais do Renew, que perderam 26 cadeiras em cinco anos e devem ficar com 82 assentos.
Os três são as maiores forças de apoio da atual presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que tenta se reeleger.
Essa coalizão poderá somar 398 cadeiras, garantindo uma maioria relativamente confortável do total de 720 assentos.
Mas a hegemonia do centro pode ser abalada pelo crescimento da ultradireita. O grupo dos Conservadores e Reformistas (ECR), liderado pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, deve conquistar 71 vagas, alta de 9 em relação a 2019.
Outro representante de peso da ultradireita, o Identidade e Democracia (ID), que inclui o partido da francesa Marine Le Pen, deve ficar com 62 cadeiras. Semanas antes da votação, o grupo expulsou a sigla alemã de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), o que havia diminuído o tamanho da bancada inicial de 2019 de 73 para 49.
Meloni e Le Pen em igualdade com social-democratas
Juntas, as bancadas de Meloni e Le Pen podem somar 133 cadeiras, o que as posicionaria em pé de igualdade com os sociais-democratas.
Também poderiam atrair o apoio de políticos do mesmo espectro, como o húngaro Viktor Orbán, que não pertence hoje a nenhum grupo.
Especialistas apontam que a união de forças na ultradireita pode esbarrar em divisões internas, especialmente em relação ao entendimento de como trabalhar com as instituições da UE e em temas de política externa, como a Guerra na Ucrânia.
Uma derrota expressiva foi sofrida pelos Verdes, cuja bancada deverá diminuir em cerca de 20 unidades, indicando o enfraquecimento da onda verde que marcou a votação anterior.
Desde a última quinta (6) e até este domingo (9), cerca de 373 milhões de europeus estavam aptos a votar nos 27 países que formam a União Europeia.
A definição das 720 cadeiras é proporcional ao tamanho da população de cada país. Alemanha (96), França (81), Itália (76), Espanha (61) e Polônia (53) são os que elegem mais eurodeputados.
Com sede em Estrasburgo, na França, e em Bruxelas, na Bélgica, o Parlamento Europeu é a única instituição do bloco que tem eleição direta. Junto com os governos dos países-membros, tem como funções a negociação e aprovação de leis que são aplicadas aos cerca de 450 milhões de cidadãos.
Os eurodeputados aprovam o orçamento da UE e o nome do presidente da Comissão Europeia, braço executivo do bloco.
Temas importantes para os próximos cinco anos serão o reforço e uma maior integração na área da defesa, o financiamento da transição verde e o alargamento do bloco.
Após a confirmação dos resultados, os grupos políticos se reunirão no Parlamento para a formação das bancadas. Os encontros estão previstos para ocorrer entre 18 de junho e 3 de julho. Cada grupo deve reunir ao menos 23 integrantes e representantes de ao menos sete países.
A nova legislatura deve ter início no meio de julho, quando o novo presidente da Casa deve ser eleito. O cargo é ocupado hoje pela maltesa Roberta Metsola (EPP).
Embora as negociações informais já estejam em andamento, a primeira reunião oficial do Conselho Europeu, que reúne os governantes dos 27 países, está marcada para 17 de junho, em que serão debatidos candidatos para a presidência da Comissão Europeia e do próprio Conselho.
Se Von der Leyen for escolhida pelo Conselho, o Parlamento deve aprovar seu nome em votação secreta até metade de setembro.
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