Por Brasil de Fato
Em comunicado divulgado na noite de ontem na rede social X, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) descreveu os bombardeios do Exército de Israel ao campo de refugiados de Jabalia, no Norte da Faixa de Gaza, como “cenas de carnificina”. A entidade aponta que já teriam morrido ou sido feridas cerca de 400 crianças por dia de conflito.
“As cenas de carnificina ocorridas no campo de Jabalia, na Faixa de Gaza, após os ataques de ontem [terca-feira] e de hoje [ontem], são horríveis e aterradoras”, diz o comunicado, destacando que centenas crianças estariam entre as vítimas.
“Os ataques seguem a 25 dias, com bombardeios contínuos, que resultaram alegadamente na morte de mais de 3.500 crianças – sem incluir as mortes de hoje [ontem] – e em mais de 6,8 mil alegadamente feridas. Significaria mais de 400 crianças mortas ou feridas diariamente, durante 25 dias consecutivos. Isto não pode se tornar o novo normal”, informou o Unicef.
Na nota, a entidade reitera apelo por um cessar-fogo humanitário imediato. Segundo o Unicef, os campos de refugiados, os assentamentos para deslocados internos e os civis que habitam os territórios estão todos protegidos pelo Direito Internacional Humanitário (DIH). “As partes em conflito têm a obrigação de respeitá-las e protegê-las de ataques”, diz o texto.
Segundo o jornal O Globo, as Brigadas Al-Qassam, braço armado do Hamas, afirmaram ontem que sete reféns morreram após ataque de Israel ao campo de refugiados. Entre as vítimas estão três pessoas “titulares de passaportes estrangeiros”.
Ao todo, os bombardeios e incursões militares de Israel em Gaza já teriam deixado mais de 8 mil pessoas mortas na Faixa de Gaza. Do lado israelense, o número seria de cerca de 1,4 mil vítimas fatais.
PRESSÃO INTERNACIONAL
Ontem, o governo de Israel confirmou ter bombardeado pelo segundo dia consecutivo o campo de refugiados de Jabalia, região pobre que existe desde 1948 e com cerca de 1,4 mil quilômetros quadrados. A maioria dos acampados depende de ajuda humanitária.
De acordo com as Nações Unidas, a região teria cerca de 116 mil refugiados, o que aumenta a pressão internacional sobre Israel. Também ontem, o secretário-geral da ONU, António Guterres, se disse “horrorizado” com a situação e pediu respeito ao Direito Internacional, que proíbe ataques indiscriminados a alvos civis.
Nas redes sociais, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos relatou que, “dado o elevado número de vítimas civis e a escala da destruição causada pelos ataques aéreos israelenses ao campo de refugiados de Jabalia, estamos seriamente preocupados que estes sejam ataques desproporcionais que possam constituir crimes de guerra”.
Israel, por sua vez, afirma que matou um chefe da unidade antitanques do Hamas no bombardeio e que o grupo ainda mantém 240 civis israelenses como reféns. Em comunicado hoje, o porta-voz do Exército israelense, contra-almirante Daniel Hagari, afirmou que a ofensiva está ocorrendo “de acordo com o planejado”.
“As forças israelenses continuam a desmantelar as linhas de defesa do Hamas no Norte de Gaza e a assumir o controle das áreas centrais. Continuamos defendendo ferozmente a nossa fronteira norte e atacando por ar ou por terra qualquer tentativa de atirar ou de se infiltrar em Israel”, informou.
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