O governo do Ceará confirmou na última segunda-feira (10) que a usina de dessalinização prevista para ser construída na Praia do Futuro, em Fortaleza, vai mudar de lugar. A mudança ocorreu por conta da proximidade com os cabos subterrâneos de internet que passam pelo local, o que causou polêmica.
A usina vai continuar localizada na Praia do Futuro, mas será instalada a mais de 1.000 metros do local que estava previsto. Os responsáveis pelo projeto afirmam que a mudança vai afastar qualquer risco de interferência nos cabos subterrâneos de internet.
A estrutura de captação das águas do mar também vai ser deslocada. A informação é do G1. O governo do Ceará, no local onde a usina seria instalada, vai construir um centro de ensino tecnológico.
Usina casou polêmica
A construção causou polêmica após empresas de telecomunicações afirmarem que as estruturas da usina poderiam afetar os cabos e interromper o funcionamento da internet no Brasil. O risco, segundo a associação de operadoras TelComp, é que a estrutura, que capta água no fundo do mar, possa romper os cabos submarinos.
A construção da usina de dessalinização é defendida pelo Governo do Ceará como um dos mecanismos de combate à seca, pois converteria a água salgada do mar em água potável.
A Praia do Futuro, onde é planejado construir a usina, é um dos locais no Brasil mais próximos da Europa e por isso é o lugar que primeiro recebe cabos de fibra óptica do continente. Esses cabos são responsáveis por 99% do tráfego de dados do Brasil.
A Cagece, empresa estatal do governo cearense responsável pela construção, diz que o projeto “não apresenta nenhum risco ao funcionamento dos cabos submarinos localizados na Praia do Futuro”.
As obras serão feitas por meio de parceria público-privada do consórcio SPE — Águas de Fortaleza, que venceu edital da Cagece com investimento previsto de R$ 3,2 bilhões. A previsão de conclusão das obras é para o primeiro semestre de 2026.
De acordo com a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), a licença de instalação para iniciar as obras da usina de dessalinização deve ser emitida até o mês de julho, o que autoriza o início das obras.
Segundo a Anatel, o projeto do consórcio SPE não analisa riscos e providências com a infraestrutura terrestre e marítima associada aos cabos submarinos.
“No projeto da SPE são ignoradas as possibilidades de influência, dos dutos marítimos da Usina que despejam (supõe-se, com força e alta pressão) os dejetos em maior concentração de sal ao mar após o processo de dessalinização, no leito marinho”, diz trecho de uma nota divulgada pela Anatel no fim de 2023.
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