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Xico Sá

Escritor e jornalista, faz parte da equipe de apresentadores do ICL Notícias. Com passagem por diversas redações e emissoras de tv, ganhou os prêmios Esso, Folha, Abril e Comunique-se. Participou de programas como Notícias MTV, Cartão Verde (Cultura), Redação Sportv, Papo de Segunda (GNT) e Amor & Sexo (Globo). É autor de Big Jato (Companhia das Letras) e A Falta (Planeta), entre outros livros. O colunista nasceu no Crato, na região do Cariri cearense, e iniciou sua trajetória profissional no Recife.

Vem aí o Natal com o menor teor de treta política dos últimos anos

Ainda não será a festa do “Brasil é um só povo" da propaganda oficial, mas índice de conflitos familiares deve diminuir
19/12/2023 | 05h00

Ainda não chegamos ao lema “Brasil é um só povo” da propaganda do governo federal, mas o ano livre das disputas eleitorais e um cenário econômico sem atropelos (não, não viramos Argentina ou Venezuela!) indicam que as famílias podem experimentar a ceia de Natal com menor teor de tretas políticas desde 2018, ano da eleição do ex-presidente Jair Bolsonaro.

É uma sensação otimista, óbvio, afinal de contas ninguém deseja repetir o peru ao molho polarizado de outras temporadas.

Não ouvi nenhuma conversa recente sobre algum amigo e/ou parente que deixariam de comparecer ao encontro natalino por questões de desavenças políticas — isso era muito comum até 2022, lembra?

Por mais que a pesquisa Datafolha desta segunda-feira (18) mostre que as preferências partidárias seguem quase intactas desde a vitória de Lula (PT), o ânimo para os embates verbais é outro, bem mais ameno. A polarização numérica não bate obrigatoriamente com a temperatura para a treta.

Calma, isso não significa que estamos vivendo a paz desejada pela propaganda oficial. É só um alívio para digerir melhor a uva-passa do arroz ou da farofa.

Para entender como o molho do peru azedou nas últimas safras, deixo uma dica de livro imperdível. Você pode até presentear aquele tiozão do pavê que não entendeu ainda o que vivemos no campo das disputas ideológicas. Anote, por favor, o título e os bravos autores: “Biografia do abismo — Como a polarização divide famílias, desafia empresas e compromete o futuro do Brasil”, do cientista político Felipe Nunes e do jornalista Thomas Traumann.

Relaxa, vamos tentar viver o primeiro Natal sem tretas pesadas desde 2014. Foi neste ano, depois do candidato derrotado Aécio Neves (PSDB) contestar o resultado legítimo das urnas na vitória da petista Dilma Rousseff, que o bicho pegou nos lares doces lares. Eis um marco histórico.

Calma, melhor não rebobinar a fita da história recente durante a ceia — para chegar no golpe (2016) da turma de Michel Temer é um pulo. Sossega, deixa quieto.

Que seja um peru sem desavenças. Feliz Natal. Até a próxima, ainda volto aqui para o churrasco do fim do ano.

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