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Após defender Parada LGBTQIA+ de ataques na Câmara de São Paulo, vereadora do PSOL pode ser cassada

Bissexual, Luana Alves reagiu ao discurso de sua colega na Câmara, Rute Costa, que se referiu ao evento como “tristeza”
27/06/2024 | 05h00

Por Igor Carvalho — Brasil de Fato

O PL acionou a Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo para pedir a suspensão do mandato da vereadora Luana Alves (PSOL), que é bissexual, após a parlamentar defender a Parada do Orgulho LGBTQIA+ de ataques da vereadora Rute Costa (PL).

No dia de 5 de junho, logo após a Parada do Orgulho LGBT+ em São Paulo, a vereadora Rute Costa (PL) foi à tribuna da Câmara Municipal e afirmou que o evento, “é orgulho para uns, é tristeza para outros. No domingo (2 de junho), houve passeata na Paulista, e eu vi com muita tristeza crianças sendo levadas pela mão, no meio daquele movimento”, disse a parlamentar, que concluiu seu discurso alegando que “utilizar a infância é infame e covarde.”

Alves não gostou do tom e do discurso de Costa e reagiu. “É um absurdo o que a senhora está dizendo. De que [tipo de] ambiente a senhora está falando? O que a vereadora Rute acabou de falar é muito grave e contribui para a LGBTfobia neste país”.

Parada LGBTQIA+ do dia 2 de junho. Foto: Agência Gov

Preconceito LGBTQIA+

Em sua denúncia à Corregedoria da Câmara Municipal, o PL afirma que Alves distorceu a fala de Costa e aprofundou os ataques à Parada do Orgulho LGBTQIA+, ao afirmar que é um evento de “grande circulação de bebidas alcoólicas, uso de drogas ilícitas, desnudes, venda de produtos eróticos, sexualização e erotização.”

Ao Brasil de Fato, Alves disse que “é bastante chocante o PL considere quebra de decoro parlamentar eu informar uma vereadora que LGBTfobia é crime, quando ela foi LGBTfóbica. O que a vereadora Rute falou é muito sério, ela colocou que a Parada seria um ambiente imoral e sujo, quando é uma manifestação de reivindicação de direitos, comuns para que mães e pais levem suas famílias. É um absurdo completo esse pedido.”

Alves disse que “é bastante chocante que o PL considere quebra de decoro parlamentar eu informar uma vereadora que LGBTfobia é crime, quando ela foi LGBTfóbica”. Foto: PSOL/ Rede Câmara

Quem é Rute Costa

Rute Costa é filha do pastor José Wellington Bezerra da Costa, que está à frente do Ministério Belém, o maior braço daquela que é a mais numerosa denominação evangélica do Brasil, a Assembleia de Deus.

Com apoio do voto evangélico, a família Costa se expandiu na política. Além de Rute Costa, o deputado federal Paulo Freire Costa (PL-SP) e a deputada estadual, em São Paulo, Marta Costa (PSD), também são filhos do pastor Wellington Costa.

De extrema direita, a família também é conhecida por ser linha auxiliar do bolsonarismo nas casas legislativas onde atuam. Por esse apoio incondicional ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Rute Costa esperava ser a indicada do PL para a vaga de vice, na chapa do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que disputará a reeleição.

No entanto, foi preterida por outros dois nomes. A vereadora Sonaira Fernandes (PL), que é próxima da família Bolsonaro, e o ex-comandante da Rota, Ricardo Mello Araújo, que no final ficou com a vaga.

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