Por Igor Carvalho — Brasil de Fato
O PL acionou a Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo para pedir a suspensão do mandato da vereadora Luana Alves (PSOL), que é bissexual, após a parlamentar defender a Parada do Orgulho LGBTQIA+ de ataques da vereadora Rute Costa (PL).
No dia de 5 de junho, logo após a Parada do Orgulho LGBT+ em São Paulo, a vereadora Rute Costa (PL) foi à tribuna da Câmara Municipal e afirmou que o evento, “é orgulho para uns, é tristeza para outros. No domingo (2 de junho), houve passeata na Paulista, e eu vi com muita tristeza crianças sendo levadas pela mão, no meio daquele movimento”, disse a parlamentar, que concluiu seu discurso alegando que “utilizar a infância é infame e covarde.”
Alves não gostou do tom e do discurso de Costa e reagiu. “É um absurdo o que a senhora está dizendo. De que [tipo de] ambiente a senhora está falando? O que a vereadora Rute acabou de falar é muito grave e contribui para a LGBTfobia neste país”.
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Parada LGBTQIA+ do dia 2 de junho. Foto: Agência Gov
Preconceito LGBTQIA+
Em sua denúncia à Corregedoria da Câmara Municipal, o PL afirma que Alves distorceu a fala de Costa e aprofundou os ataques à Parada do Orgulho LGBTQIA+, ao afirmar que é um evento de “grande circulação de bebidas alcoólicas, uso de drogas ilícitas, desnudes, venda de produtos eróticos, sexualização e erotização.”
Ao Brasil de Fato, Alves disse que “é bastante chocante o PL considere quebra de decoro parlamentar eu informar uma vereadora que LGBTfobia é crime, quando ela foi LGBTfóbica. O que a vereadora Rute falou é muito sério, ela colocou que a Parada seria um ambiente imoral e sujo, quando é uma manifestação de reivindicação de direitos, comuns para que mães e pais levem suas famílias. É um absurdo completo esse pedido.”
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Alves disse que “é bastante chocante que o PL considere quebra de decoro parlamentar eu informar uma vereadora que LGBTfobia é crime, quando ela foi LGBTfóbica”. Foto: PSOL/ Rede Câmara
Quem é Rute Costa
Rute Costa é filha do pastor José Wellington Bezerra da Costa, que está à frente do Ministério Belém, o maior braço daquela que é a mais numerosa denominação evangélica do Brasil, a Assembleia de Deus.
Com apoio do voto evangélico, a família Costa se expandiu na política. Além de Rute Costa, o deputado federal Paulo Freire Costa (PL-SP) e a deputada estadual, em São Paulo, Marta Costa (PSD), também são filhos do pastor Wellington Costa.
De extrema direita, a família também é conhecida por ser linha auxiliar do bolsonarismo nas casas legislativas onde atuam. Por esse apoio incondicional ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Rute Costa esperava ser a indicada do PL para a vaga de vice, na chapa do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que disputará a reeleição.
No entanto, foi preterida por outros dois nomes. A vereadora Sonaira Fernandes (PL), que é próxima da família Bolsonaro, e o ex-comandante da Rota, Ricardo Mello Araújo, que no final ficou com a vaga.
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