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Vereadores de SP adiam por mais 15 dias decisão sobre CPI que investigará Padre Julio

Em reunião tensa, Rubinho Nunes é criticado por Arselino Tatto: 'Vamos parar com essa palhaçada'
20/02/2024 | 18h36

Por Igor Carvalho — Brasil de Fato

O Colégio de Líderes da Câmara Municipal de São Paulo voltou a se reunir nesta terça-feira (20) e decidiu adiar por 15 dias a decisão sobre a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Organizações Não-Governamentais (ONGs), para investigar o padre Julio Lancellotti e seu trabalho junto aos dependentes químicos da região conhecida como Cracolândia, no centro da capital paulista.

Na avaliação do presidente da Câmara Municipal, o vereador Milton Leite (Republicanos) e da maioria dos parlamentares, não há elementos suficientes para a instalação da CPI, já que ela carrega em seu escopo original e formal uma proposta de investigação de ONGs, mas que, na prática e no discurso é usada por seu proponente, o vereador Rubinho Nunes (Republicanos), como “plataforma política” e para “atacar” Lancellotti.

Há uma preocupação entre os vereadores com a exposição que o líder religioso possa sofrer, antes mesmo de qualquer investigação seja concluída. Por isso, evitam citar o nome do padre ou fazer qualquer ilação. Para os parlamentares, a acusação de abuso sexual deveria ser investigada pela polícia, a Igreja ou o Ministério Público.

Neste momento, há uma investigação em curso, feita pela Arquidiocese de São Paulo, sobre a denúncia de abuso sexual feita contra Lancellotti. Apesar da preocupação de uma parte dos parlamentares, Nunes mais uma vez usou o espaço para levantar suspeitas contra Julio Lancellotti.

“Chegou ao meu conhecimento que uma segunda vítima, um ex-usuário, adicto em recuperação, vai depor sobre fatos similares que ele teria presenciado, junto a Arquidiocese”, afirmou Rubinho Nunes, fundador do Movimento Brasil Livre (MBL).

Em seguida, Nunes informou que pretende levar o jornalista Cristiano Gomes, que acusa Lancellotti de abuso sexual e a “segunda vítima” para “prestar depoimento diretamente conosco aqui na Câmara”. A afirmação revoltou vereadores da oposição.

“Virou depoimento? Agora o Rubinho é delegado? Vamos parar com essa palhaçada. Agora tá expondo o padre. Tem que parar com essa palhaçada”, afirmou Arselino Tatto (PT).

Elaine Mineiro (PSOL) também protestou. “Se não há elementos, isso não deveria ser assunto de uma reunião do Colégio de Líderes. Se houver fatos novos que obriguem essa Casa a abrir uma CPI, isso deveria ser assunto, mas não há.”

Para Eliseu Gabriel (PSB), é “estranho que a CPI nem tenha sido aprovada e o proponente já está querendo conduzir depoimento. Agora, fazendo ilação aqui? Não tem cabimento conduzir inquérito sem CPI aberta.”

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