Um espectro ronda Brasília. O espectro da anistia a Jair Bolsonaro. Tudo tem sido feito para livrá-lo da cadeia, mesmo que os seus crimes estejam mais iluminados do que um duelo ao sol no Centro-Oeste.
A mais recente operação contou com a intriga internacional do bilionário Elon Musk, baseada 100% na fake news sobre a fictícia “ditadura de Alexandre de Moraes”, ministro do STF responsável pelo inquérito que pode conduzir o capitão ao presídio mais próximo.
Foi um barulho medonho: a rede “X” contra o xilindró do ex. Toda aquela ladainha de “liberdade de expressão” não passa disso. Qualquer extremista de alta patente — aqui não entra o gado, que é apenas rebanho de manobra — sabe disso.
No xadrez bolsonarista, a operação foi um sucesso. Talvez o truque mais bem-sucedido até agora para livrar Jair de ver o sol quadrado.
A mobilização para o ato público de Copacabana esquentou como nunca e os militantes ganharam um gás extra para pregar a anistia do “mito”. O discurso de Xandão ditador no governo Lula — por mais que seja bizarro — teve o seu mais importante ensaio geral até agora.
‘Ai de ti, Copacabana’, suspiraria o cronista Rubem Braga.
Nos corredores mal-assombrados do Congresso, moções de aplauso ao homem da rede “X”. O agito perfeito para fazer andar, entre outros, o projeto de lei (PL 1068/2024), iniciativa do senador Marcio Bittar (União–Acre).
O singelo texto do projeto concede anistia aos envolvidos nos atos de terrorismo de 8 de janeiro de 2023, e restaura os direitos políticos dos declarados inelegíveis por conta de atos relacionados às eleições de 2022.
Resumindo em um post no ex-Twitter: todos os golpistas serão perdoados. Mesmo aqueles que tramaram com os generais nos gabinetes do Palácio do Planalto, mesmo aqueles que desviaram joias das Arábias, mesmo aqueles que facilitaram as milhares de mortes durante a pandemia da Covid-19.
Todo barulho do homem do “X”, lastreado em uma mentira dos porões da rede, cumpriu sua meta. No programa Roda Viva (TV Cultura, 8/4), o senador Flávio Bolsonaro soube usar a cadeira giratória para a mesma causa: a anistia ao pai — e, se der, também aos demais golpistas.
Que os leitores mais delicados me perdoem pela pornografia, mas só nos resta vestir aquela camiseta (a clássica contemporânea do podcast “Medo e delírio em Brasília”) e chutar o balde, a lata e a metáfora: “Anistia é o caralho”.
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