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Com Karla Gamba

Mensagens encaminhadas pelo tenente-coronel do Exército Sergio Ricardo Cavalieri a Mauro Cid, em novembro de 2022, relatam um encontro de agentes da Abin com hackers que alegavam terem constatado “inconsistências” no sistema eletrônico de votação.

Nas mensagens, eles dizem que a ex-ministra e agora senadora, Damares Alves (Republicanos–DF), pode ter mediado o contato entre eles e o Palácio do Planalto. A conversa consta no relatório da Polícia Federal entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Cavalieri, um dos alvos da investigação que apura a tentativa de golpe de Estado, enviou áudios que, segundo ele, seriam de dois hackers do interior de São Paulo. Neles, um interlocutor — supostamente um dos hackers — conta que os dois “analisaram arquivos do TSE e constataram inconsistências”.

Após isso, conforme o áudio, eles procuraram pessoas do governo federal, governadores e parlamentares para relatar a descoberta, mas não obtiveram resposta. O deputado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, é citado nominalmente como uma das pessoas que foi procurada.

O narrador afirma então que a tia de um deles (identificado como Gabriel) frequentava a mesma igreja da senadora Damares Alves e passou a história para ela. Damares teria repassado o contato de uma assessora de Jair Bolsonaro.

“Por coincidência uma tia do Gabriel tá na mesma igreja da Damares, da ministra. É… aí a Damares ela escutou, beleza é amiga dela e passou um contato de uma assessora do Bolsonaro. Aí em vez deles ali, no núcleo do Governo, acho que ou por desconsiderar ou não acreditar alguma coisa… que que ela fez… ela passou a informação pro pessoal e de alguma forma essa assessora… não sei se ela que falou ou não. Mas chamaram o pessoal da Abin, da agência nacional”, diz a transcrição do áudio feita por investigadores da PF.

O suposto hacker fala que a Abin foi lá para “especular, saber como eles haviam chegado naquele resultado”, mas diz que os agentes eram “tecnicamente fracos”:

“(…) esses caras da Abin vieram aqui ficaram dois ou três dias… Aí não é desmerecendo, cara, mas a gente entr… chegou numa conclusão que caras estudaram pra entrar num concurso… passaram no concurso, mas tecnicamente são fracos demais (…) Então, eles vieram e a gente percebeu que foi mais… pra especular e saber como que a gente chegou naquele resultado”.

As mensagens foram encaminhadas no período em que os investigados buscavam encontrar fundamento na tese de que houve fraude no processo eleitoral. Cavalieri pergunta a Cid se ele já recebeu aquilo e Cid, sem demonstrar surpresa, responde: “Nosso pessoal que fez… Hahahahaha”. Não é possível concluir a quem o então assessor de Jair Bolsonaro se refere quando diz “nosso pessoal”.

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