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Por Serguei Monin — Brasil de Fato

A Comissão Eleitoral Central da Rússia divulgou na noite deste domingo (17) os resultados parciais das eleições presidenciais do país. Os primeiros dados, que começaram a ser divulgados logo às 21h do horário de Moscou (15h no horário de Brasília), quando alcançaram 35% das urnas apuradas, mostravam o presidente russo, Vladimir Putin, com 87,5% dos votos, o que deve confirmar sua vitória eleitoral e uma aprovação recorde, superando a marca de 76,69% alcançada em 2018.

Além de Putin, apareciam os candidatos Nikolai Kharitonov (Partido Comunista) com 4,03%; Vladislava Davankov (Povo Novo) com 3,87%; e Leonid Slutsky com 3,03%.

De acordo com a Comissão Eleitoral Central, a participação total nas eleições presidenciais russas foi de 74,22%, também superando a marca das eleições de 2018, quando cerca de 67% da população compareceu.

Além disso, o chefe da empresa russa de telecomunicações Rostelecom, Mikhail Oseevsky, disse que “a votação ocorreu em um contexto de guerra cibernética”. Segundo ele, houve ataques a recursos da Comissão Eleitoral Central, os recursos do governo da cidade de Moscou e os recursos das próprias operadoras. “A preparação tornou possível lidar com todas essas ameaças muito sérias”, disse Oseevsky.

Pela primeira vez as eleições presidenciais russas foram realizadas durante três dias, de 15 a 17 de março, e pela primeira vez foi usado o sistema de Votação Eletrônica Remoto, disponível em 29 regiões da Rússia. As eleições de 2018 ocorreram em um dia. De acordo com a Comissão Eleitoral Central, o número de eleitores na Rússia em 1º de janeiro de 2024 havia aumentado em 4,12 milhões de pessoas em seis anos.

Putin teve 87,5% dos votos: aprovação supera a marca de 76,69% alcançada em 2018. Foto; Alexei Danichev/ AFP

Putin: ‘protesto silencioso’

O último dia das eleições também foi marcado por uma espécie de “protesto silencioso”. A oposição russa convocou as pessoas para comparecer às urnas neste domingo exatamente ao meio-dia, para sobrecarregar as seções eleitorais e demonstrar uma força de contestação à atual presidência de Putin.

Longas filas se formaram nas zonas eleitorais durante o ato intitulado como “meio-dia contra Putin”. Embora ocorressem no horário marcado, não foi possível confirmar se todos os eleitores presentes participavam do “protesto silencioso”, considerando que manifestações não autorizadas pelas autoridades são proibidas na Rússia. A manifestação foi realizada em diversas regiões, com maior adesão em Moscou e São Petersburgo. O ato também aconteceu nas zonas eleitorais, em embaixadas e consulados da Rússia ao redor do mundo.

Ao comentar as longas filas que se formaram no horário indicado, sobretudo no exterior, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova afirmou que as filas nas embaixadas não tiveram qualquer relação com a ação “Meio-dia contra Putin”. Segundo ela, as pessoas permaneceram mesmo depois do meio-dia.

“As longas filas que surgiram na tarde de 17 de março perto das embaixadas e consulados russos em todo o mundo não têm nada a ver com o protesto. Se as pessoas que estão na fila no exterior para votar nas eleições presidenciais na Rússia participassem da ação do ‘meio-dia’, todas teriam se dispersado depois do meio-dia”, escreveu ela em seu canal no Telegram.

Zakharova acrescentou que os eleitores no estrangeiro compareceram à votação, “aproveitando a oportunidade que, apesar de todas as ameaças do Ocidente, o seu país, a Rússia, lhes proporcionou”.

‘Eleição sem problemas’

O Brasil de Fato conversou com observadores internacionais que acompanharam o pleito em Moscou. O delegado da Comissão Nacional Eleitoral da Angola, Manuel Camati, destacou que o processo eleitoral ocorreu de forma idônea.

O que nós conseguimos ver é que a eleição está sendo feita sem problemas, sem desordem, sem pressão. Pelo menos é o que a gente conseguiu ver em cinco assembleias de voto, vimos que as coisas estão ocorrendo bem. As pessoas estão aderindo à votação”, disse.

Já o delegado do Chade, Khamai Makore, também elogiou a parte técnica da realização da votação e destacou que há uma visão deturpada do Ocidente em relação ao que acontece no processo eleitoral russo, que pode ter elegido Putin.

“Eu observei muitas eleições na África. A primeira fora da África foi aqui na Rússia. Eu descobri uma organização muito moderna aqui, uma organização baseada no nova tecnologia de informação e comunicação, atendendo a todos os eleitores de todas as regiões da Rússia, com quatro maneiras de votar”, disse o observador ao Brasil de Fato.

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