O Tribunal Superior de Justiça de Londres adiou nesta terça-feira (26) uma eventual extradição de Julian Assange aos Estados Unidos, onde ele pode ser condenado a 175 anos de prisão.
A Corte britânica acatou parcialmente o recurso do fundador do WikiLeaks em sua última chance de não ser extraditado. A decisão é uma vitória parcial para ele, já que a justiça britânica concordou que seu recurso é válido.
Na decisão, publicada nesta manhã, os juízes pediram mais informações ao governo norte-americano e deram um prazo de três semanas para que Washington responda às perguntas.
“O senhor Assange não será extraditado imediatamente. O tribunal deu ao governo dos Estados Unidos três semanas para dar garantias satisfatórias”, decidiu o tribunal de Londres.
Com a extradição aos EUA, Assange pode ser condenado a uma pena de até 175 anos de prisão por vazar 700 mil documentos confidenciais desde 2010 sobre as atividades militares e diplomáticas americanas, principalmente no Iraque e Afeganistão.
Um dos materiais vazados era um vídeo que exibia soldados norte-americanos executando 18 civis de um helicóptero no Iraque. Outros exibiam os assassinatos de civis, entre eles jornalistas, e também abusos cometidos por autoridades dos EUA e outros países.
Como havia a revelação de identidades de pessoas que cooperavam com os militares no Oriente Médio, oficiais norte-americanos afirmaram que o vazamento colocava vidas em risco.
Em 2019, o Departamento de Justiça dos EUA descreveu os vazamentos do WikiLeaks como “um dos maiores vazamentos de informações confidenciais na história dos Estados Unidos”.
“Meu cliente está sendo processado por realizar uma prática jornalística comum, de obter e publicar informações confidenciais, informações verdadeiras e de interesse público evidente e importante”, afirmou o advogado de Assange, Edward Fitzgerald, no tribunal.
Clair Dobbin, advogada que representa os Estados Unidos, por sua vez, disse no Tribunal que Assange publicou nomes de pessoas que “atuaram como fontes de informação para os Estados Unidos”.
Em janeiro de 2021, um tribunal britânico rejeitou, em um primeiro momento, o pedido de extradição para os Estados Unidos. Porém, apelação americana fez com que, em dezembro de 2021, a Justiça britânica anulasse a primeira decisão e abrisse caminho para a extradição — até o julgamento desta semana.
No início de 2022, os EUA chegaram a ter um novo pedido de extradição negado pela justiça do Reino Unido, que alegou existir um risco de Assange cometer suicídio.
Assange “vai morrer” se for extraditado, afirma esposa
O fundador do WikiLeaks estava preso na Inglaterra desde 2019, após passar sete anos confinado na embaixada do Equador em Londres, onde buscou refúgio para evitar a extradição por acusações de agressão sexual na Suécia, que mais tarde foram retiradas.
Antes do julgamento, a esposa de Assange fez um alerta sobre o estado de saúde frágil do australiano de 52 anos.
“A saúde dele está piorando, física e mentalmente. A vida dele corre perigo a cada dia que permanece na prisão e, se for extraditado, ele vai morrer”, afirmou Stella Assange na semana passada.
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