O general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, teria usado a estrutura do escritório da Agência Brasileira de Promoção e Exportações e Investimentos (Apex), em Miami, para apoiar articulações golpistas e participar do acampamento de grupos antidemocráticos em Brasília. A informação é do colunista Aguirre Talento, publicada site UOL nesta terça-feira (2).
Lourena Cid foi flagrado conduzindo Michael Rinelli, diretor de Investimentos da Apex, até o acampamento golpista no quartel-general do Exército em Brasília, em 3 de dezembro de 2022.
Nas imagens divulgadas pelo UOL, Lourena Cid e Rinelli circulam pelo acampamento bolsonarista. Os vídeos revelam momentos em que o general gesticula e dialoga com o funcionário.
A viagem de Lourena Cid e Rinelli representou um custo de aproximadamente R$ 9,3 mil aos cofres da Apex, segundo a reportagem. Ambos saíram de Miami para Brasília entre 26 de novembro e 11 de dezembro de 2022. Como justificativa oficial, foi citada uma confraternização da agência. A visita ao acampamento bolsonarista não foi informado previamente aos funcionários da Apex.
Embora não esteja diretamente envolvido no caso da suposta tentativa de golpe de Estado, o general Lourena Cid está sob investigação da PF. Ele é alvo do inquérito sobre o “caso das joias”, que investiga a venda irregular de presentes sauditas entregues ao ex-presidente Bolsonaro durante visitas oficiais e posteriormente comercializadas nos EUA.
Uma imagem identificada pela PF mostra o rosto de Lourena Cid refletido em uma foto utilizada para negociar esculturas recebidas como presentes oficiais.
Nota da Apex
Sobre o assunto, a gerência de Marketing e Comunicação da Apex Brasil divulgou a seguinte nota:
“No mês passado, entre os dias 12 e 15/3, a Apex Brasil realizou encontro com adidos de comércio das representações brasileiras nos Estados Unidos e no Canadá. A caminho da reunião, em Washington, o presidente da Apex Brasil, Jorge Viana, visitou o escritório da Agência em Miami. Lá, tomou conhecimento de possíveis desvios de conduta na gestão do general Lourena Cid. Em seu retorno a Brasília, reuniu a diretoria executiva, que decidiu determinar rigorosa apuração interna sobre as informações.
A Apex Brasil aguarda o resultado desse procedimento para tomar as providências que se fizerem necessárias. Da mesma forma, espera também as conclusões das investigações em curso conduzidas pela Polícia Federal.
A Apex Brasil tem importante função no desenvolvimento e ampliação da participação nacional no fluxo global de comércio exterior e atração de investimentos para o Brasil. E assim seguirá trabalhando.”
Aumento de recursos para a Apex
Durante o governo de Jair Bolsonaro, a representação da Apex nos Estados Unidos recebeu por parte do governo federal um aumento na verba de 137% no ano de 2022 em relação ao ano anterior, como revelou o jornalista Lucio de Castro, na Agência Sportlight.
O escritório recebeu U$ 2.172.460,00 (dois milhões, cento e setenta e dois mil e quatrocentos e sessenta dólares) em 2021, o equivalente a cerca de atuais R$ 10.862.300,00 (dez milhões, oitocentos e sessenta e dois mil e trezentos reais).
Já em 2022, ano eleitoral e último de mandato, Bolsonaro mais do que dobrou esse volume de recursos para o escritório de Miami da Apex e enviou U$ 4.822.521,00 (quatro milhões, oitocentos e vinte e dois mil, quinhentos e vinte dólares), atuais R$ 25.822.521, 00 (vinte e cinco milhões, oitocentos e vinte e dois mil, quinhentos e vinte um reais).
A verba da Apex para a representação nos Estados Unidos em 2022 superou o padrão dos demais anos do mandato de Bolsonaro, já que em 2019 a remessa foi de U$ 2.810.424,00, atuais R$ 14.052.120,00, e em 2020 a repartição na Florida recebeu U$ 1.858.880,00 (atuais R$ 9.294.400,00). A Apex é ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e foi criada em 2003 para auxiliar empresas brasileiras a realizar comércio com outros países.
Com Jair Bolsonaro, a Apex virou um puxadinho das forças armadas. Aparelhada pelo ex-presidente, todos os cargos de comando da instituição foram ocupados por militares entre 2019 e 2022.
Mauro Lourena Cid, íntimo do presidente Jair Bolsonaro e colega do presidente na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) na turma que se formou em 1977, recebia salário de US$ 9,6 mil (cerca de R$ 48 mil) no comando da Apex em Miami e mais R$ 33.368,00 como general de exército na reserva, sem sofrer abate-teto. Total de R$ 81.368,00.
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