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Pai de Mauro Cid usou estrutura da Apex em mobilização golpista, diz site

Nas imagens divulgadas pelo UOL, Lourena Cid e Rinelli circulam pelo acampamento bolsonarista
02/04/2024 | 15h05

O general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, teria usado a estrutura do escritório da Agência Brasileira de Promoção e Exportações e Investimentos (Apex), em Miami, para apoiar articulações golpistas e participar do acampamento de grupos antidemocráticos em Brasília. A informação é do colunista Aguirre Talento, publicada site UOL nesta terça-feira (2).

Lourena Cid foi flagrado conduzindo Michael Rinelli, diretor de Investimentos da Apex, até o acampamento golpista no quartel-general do Exército em Brasília, em 3 de dezembro de 2022.

Nas imagens divulgadas pelo UOL, Lourena Cid e Rinelli circulam pelo acampamento bolsonarista. Os vídeos revelam momentos em que o general gesticula e dialoga com o funcionário.

A viagem de Lourena Cid e Rinelli representou um custo de aproximadamente R$ 9,3 mil aos cofres da Apex, segundo a reportagem. Ambos saíram de Miami para Brasília entre 26 de novembro e 11 de dezembro de 2022. Como justificativa oficial, foi citada uma confraternização da agência. A visita ao acampamento bolsonarista não foi informado previamente aos funcionários da Apex.

Embora não esteja diretamente envolvido no caso da suposta tentativa de golpe de Estado, o general Lourena Cid está sob investigação da PF. Ele é alvo do inquérito sobre o “caso das joias”, que investiga a venda irregular de presentes sauditas entregues ao ex-presidente Bolsonaro durante visitas oficiais e posteriormente comercializadas nos EUA.

Uma imagem identificada pela PF mostra o rosto de Lourena Cid refletido em uma foto utilizada para negociar esculturas recebidas como presentes oficiais.

Imagem de Lourena Cid, então diretor da Apex em Miami, aparece em foto de presente que Bolsonaro pediu para resgatar

Imagem de Lourena Cid, então diretor da Apex em Miami, aparece em foto de presente que Bolsonaro pediu para resgatar

Nota da Apex

Sobre o assunto, a gerência de Marketing e Comunicação da Apex Brasil divulgou a seguinte nota:

“No mês passado, entre os dias 12 e 15/3, a Apex Brasil realizou encontro com adidos de comércio das representações brasileiras nos Estados Unidos e no Canadá. A caminho da reunião, em Washington, o presidente da Apex Brasil, Jorge Viana, visitou o escritório da Agência em Miami. Lá, tomou conhecimento de possíveis desvios de conduta na gestão do general Lourena Cid. Em seu retorno a Brasília, reuniu a diretoria executiva, que decidiu determinar rigorosa apuração interna sobre as informações.

A Apex Brasil aguarda o resultado desse procedimento para tomar as providências que se fizerem necessárias. Da mesma forma, espera também as conclusões das investigações em curso conduzidas pela Polícia Federal.

A Apex Brasil tem importante função no desenvolvimento e ampliação da participação nacional no fluxo global de comércio exterior e atração de investimentos para o Brasil. E assim seguirá trabalhando.”

Aumento de recursos para a Apex

Durante o governo de Jair Bolsonaro, a representação da Apex nos Estados Unidos recebeu por parte do governo federal um aumento na verba de 137% no ano de 2022 em relação ao ano anterior, como revelou o jornalista Lucio de Castro, na Agência Sportlight.

O escritório recebeu U$ 2.172.460,00 (dois milhões, cento e setenta e dois mil e quatrocentos e sessenta dólares) em 2021, o equivalente a cerca de atuais R$ 10.862.300,00 (dez milhões, oitocentos e sessenta e dois mil e trezentos reais).

Já em 2022, ano eleitoral e último de mandato, Bolsonaro mais do que dobrou esse volume de recursos para o escritório de Miami da Apex e enviou U$ 4.822.521,00 (quatro milhões, oitocentos e vinte e dois mil, quinhentos e vinte dólares), atuais R$ 25.822.521, 00 (vinte e cinco milhões, oitocentos e vinte e dois mil, quinhentos e vinte um reais).

A verba da Apex para a representação nos Estados Unidos em 2022 superou o padrão dos demais anos do mandato de Bolsonaro, já que em 2019 a remessa foi de U$ 2.810.424,00, atuais R$ 14.052.120,00, e em 2020 a repartição na Florida recebeu U$ 1.858.880,00 (atuais R$ 9.294.400,00). A Apex é ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e foi criada em 2003 para auxiliar empresas brasileiras a realizar comércio com outros países.

Com Jair Bolsonaro, a Apex virou um puxadinho das forças armadas. Aparelhada pelo ex-presidente, todos os cargos de comando da instituição foram ocupados por militares entre 2019 e 2022.

Mauro Lourena Cid, íntimo do presidente Jair Bolsonaro e colega do presidente na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) na turma que se formou em 1977, recebia salário de US$ 9,6 mil (cerca de R$ 48 mil) no comando da Apex em Miami e mais R$ 33.368,00 como general de exército na reserva, sem sofrer abate-teto. Total de R$ 81.368,00.

 

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