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Por Mateus Coutinho — Brasil de Fato

Os dois fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), recapturados nesta quinta-feira (4) 50 dias depois da fuga, estavam acompanhados de outras quatro pessoas, uma delas armada com um fuzil, em um comboio de três veículos, com o objetivo de deixar o país.

A informação foi dada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, pronunciamento à imprensa na tarde desta quinta. Os veículos foram cercados pela Polícia Federal (PF) e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em uma ponte na BR-222, nas proximidades de Marabá (PA), por volta das 13h30 desta tarde.

O ministro confirmou que os dois detidos retornarão à Penitenciária Federal de Mossoró, que passou por mudanças na direção e está adotando novas rotinas de segurança.

“A ponte foi fechada de um lado pela Polícia Rodoviária Federal e de outro pela Polícia Federal. Nesta abordagem, constatou-se que os dois fugitivos estavam em um verdadeiro comboio do crime, com três carros que foram apreendidos com vários celulares e um fuzil. Nesta operação foram presos não só os dois fugitivos, como também mais quatro comparsas”, afirmou o ministro da Justiça. Ele informou que, ao todo, já foram presas 14 pessoas que estariam envolvidas com a fuga. O nome dos envolvidos não foi divulgado, nem detalhes sobre a qual facção criminosa eles são ligados.

O ministro ainda explicou que a prisão ocorreu graças a uma mudança nas estratégias de busca, depois que foi constatado que os fugitivos haviam deixado as proximidades de Mossoró. Segundo Lewandowski, houve um trabalho de inteligência da PF que permitiu monitorar a localização dos fugitivos até a abordagem, para prendê-los sem trocas de tiros ou fatalidades.

“Foi uma operação extremamente bem-sucedida porque não foi disparado um tiro, não houve feridos, nem mortos, foi um trabalho puramente de inteligência”, afirmou o ministro, sem explicar como os detentos conseguiram viajar cerca de 1,6 mil quilômetros entre Mossoró e Marabá.

Monitoramento dos fugitivos

Andrei Passos, diretor-geral da PF, explicou os detalhes sobre o monitoramento e a prisão dos dois detentos. “Havia já, de fato, o acompanhamento dessas pessoas e a equipe estava aguardando o melhor momento de fazer essa abordagem”, explicou o diretor-geral da PF, que afirmou ter recebido as informações da superintendência do órgão em Mossoró.

Questionado se o homem que estava com o fuzil teria reagido à abordagem policial, Passos disse que o trabalho foi concluído sem reação armada. “O que posso antecipar é que houve inicialmente esse esboço de uma reação com o fuzil ostensivamente apontado aos nossos policiais, mas que frente à ação de nossas equipes, lá estava o nosso grupo de pronta intervenção, permitiu que fosse uma ação sem reação”, seguiu Andrei.

Agora, de acordo com o diretor-geral, os investigadores vão apurar a qual facção os suspeitos são ligados e também serão abertas novas linhas de investigação sobre a tentativa de fuga e o porte do fuzil.

Rogério e Deibson, os fugitivos capturados

Rogério e Deibson, os fugitivos capturados

Prisão após 50 dias

O pronunciamento foi convocado após a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal prenderem em Marabá, no interior do Pará, os dois detentos que haviam fugido da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) há 50 dias. O episódio foi a primeira fuga registrada na história do sistema penitenciário federal desde que foi criado, no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006. A fuga ocorreu logo nos primeiros dias de Lewandowski à frente da pasta, o que fez com que o ministro viajasse para o estado e mobilizasse a estrutura de Segurança Pública federal para dar uma resposta à crise.

Os detentos que foram recapturados se chamam Rogério Mendonça e Deibson Nascimento. As informações foram divulgadas pelo Ministério da Justiça.

Questionado se não seria possível ter prendido os dois detentos antes, Lewandowski afirmou que a operação seguiu os paradigmas internacionais de localização de fugitivos de penitenciária e disse que todos os esforços foram feitos. “Envidamos todos esforços possíveis para localizá-los ainda na proximidade de Mossoró. Estivemos bem próximo da captura. É claro que esse monitoramento é um monitoramento intermitente”, afirmou o ministro da Justiça, explicando que os investigadores ouviram testemunhas e fizeram rastreamento de celulares.

O episódio ganhou repercussão por ter sido a primeira fuga registrada no sistema penitenciário federal. Inspirado nas prisões de segurança máxima, o sistema federal conta com estruturas de ponta destinadas a manter isolados poucos detentos, como líderes de facções criminosas.

Os dois presos estavam em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), no qual são submetidos a regras mais rígidas que as do regime fechado. Nesse tipo de ala, há um local para os detentos tomarem banho de sol isolados dos demais presos.

Na época, o presídio de Mossoró também abrigava Luiz Fernando da Costa, conhecido como Fernandinho Beira-Mar, que em março foi transferido para a unidade de Catanduvas (PR).

 

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