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Apreensão de R$ 175 mil: na delegacia, motorista exclui deputado Gutemberg Reis

Veículo estava parado na avenida Brasil, uma das principais vias da cidade do Rio de Janeiro
10/04/2024 | 11h20

Por Berenice Seara — TempoRealRJ

Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, motorista do utilitário Range Rover Velar encontrado policiais militares com R$ 175 mil em frente ao supermercado Atacadão, na avenida Brasil, em Guadalupe, na noite de sexta-feira (5), disse na 31ª DP (Ricardo de Albuquerque) que o dinheiro foi obtido “com a venda de um veículo de propriedade de empresa junto a qual mantém parceria comercial”.

No momento em que foi abordado, porém, segundo agentes do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidão (Recom) da Polícia Militar, Gonçalves havia dito que não sabia informar a origem do dinheiro, que trabalhava com marketing digital e era assessor do deputado Gutemberg Reis (MDB). Ainda de acordo com os PMs, o motorista do carro chegou a fazer uma chamada de vídeo para falar com o deputado.

A abordagem policial aconteceu às 22h45 de sexta-feira. A declaração na delegacia aconteceu quase três horas e meia depois, já às 2h12 de sábado. Na 31ª DP, Gonçalves também negou ser assessor parlamentar, mas reiterou trabalhar com marketing digital e que “pode ter tido alguma campanha de cunho político”.

A versão dada na delegacia combina com a nota divulgada pela assessoria do parlamentar na segunda-feira (8). Diz o comunicado que a pessoa citada “lhe prestou serviços freelancer em campanha eleitoral, na área de marketing, mas não possui qualquer vínculo empregatício ou de trabalho atualmente”.

Porém, nas prestações de conta de Gutemberg Reis nas duas últimas campanhas eleitorais (2018 e 2022) não há qualquer menção de pagamentos feitos a Luiz Eduardo Cunha Gonçalves.

O dinheiro encontrado foi apreendido pela Polícia Civil. O motorista foi liberado, e o carro também. De acordo com a nota divulgada por sua assessoria, “não foi identificado nada que desabonasse a conduta do senhor Luiz Eduardo Cunha Gonçalves no local do incidente”. O texto põe em dúvida a conduta dos PMs. “Portanto, a atitude policial causa surpresa diante da falta de fundamentação para suas ações”.

E conclui, dizendo que “é importante ressaltar que não há ilegalidade em transportar valores em espécie, independente da quantia”.

O que diz o deputado?

Gutemberg Reis, deputado federal desde 2019, afirmou, em nota, que “a pessoa citada na reportagem lhe prestou serviços freelancer em campanha eleitoral, na área de marketing, mas não possui qualquer vínculo empregatício ou de trabalho atualmente” e que “o dinheiro apreendido não é do deputado”. A informação é do jornal O Globo.

Gutemberg é irmão do ex-prefeito de Duque de Caxias e atual Secretário de Transportes do Rio de Janeiro, Washington Reis (MDB). Washington disse que ficou sabendo da informação da apreensão “pela imprensa”.

Em nota, a Secretaria de Estado de Polícia Militar afirmou que, na sexta-feira (5/4), policiais militares do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidão (RECOM) realizavam patrulhamento na avenida Brasil, na altura de Guadalupe, quando tiveram atenção voltada para um veículo parado na calçada. A equipe deu ordem de desembarque para o condutor e os demais ocupantes. No interior do carro havia uma bolsa contendo cerca de R$ 175 mil.

As pessoas envolvidas na ocorrência não explicaram para a equipe qual seria a origem do dinheiro, sendo conduzidas para a 31ª DP e, posteriormente, para a 27ª DP. De acordo com a 31ª DP (Ricardo de Albuquerque), a ocorrência foi apresentada por policiais militares que, durante patrulhamento, abordaram um veículo com três pessoas.

Gutemberg Reis

Gutemberg Reis foi indiciado pela Polícia Federal por associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema público no caso que apura a falsificação de certificados de vacinas de Covid-19. Foto: Câmara dos Deputados

O deputado federal Gutemberg Reis (MDB–RJ) foi indiciado pela Polícia Federal por associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema público no caso que apura a falsificação de certificados de vacinas de Covid-19. O parlamentar tinha um cartão físico de vacinação com registro da segunda dose da vacina aplicada antes da primeira.

O cartão de Gutemberg Reis também tinha dados incompatíveis entre os registros físicos e os feitos no sistema do Ministério da Saúde. O deputado disse que não irá se manifestar até que sua defesa tenha acesso integral ao processo.

A Polícia Federal, além do deputado Gutemberg Reis, também indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid e outras 14 pessoas.

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